No estudo OlympiA, o tratamento de um ano com olaparibe adjuvante estendeu significativamente a sobrevida livre de doença invasiva e a sobrevida global de pacientes com câncer de mama inicial HER2-negativo de alto risco com variantes patogênicas BRCA1/2, benefício que embasou a recomendação deste regime após tratamento padrão. Agora, resultados de longo prazo apresentados por Judy Garber (foto) no SABCS 2024 demonstram que, em um seguimento mediano de 6,1 anos, 79,6% dos pacientes tratados com olaparibe ficaram livres de recorrência invasiva e 83,5% livres de recorrência distante, em comparação com 70,3% e 75,7% no grupo placebo, respectivamente. O tratamento adjuvante com olaparibe foi associado à redução de 28% no risco de morte.
OlympiA é um estudo multicêntrico de fase III, duplo-cego (NCT02032823), no qual 1.836 pacientes com câncer de mama BRCA-positivo e HER2-negativo com doença estágios II–III foram randomizados (1:1) para receber 1 ano de olaparibe adjuvante ou placebo. Foram elegíveis pacientes de alto risco, que concluíram o tratamento local e receberam pelo menos 6 ciclos de quimioterapia (neo)adjuvante. A maioria dos pacientes tinha a variante patogênica BRCA1 (72,3%) e câncer de mama triplo-negativo (82% versus 18% ER-positivo).
Na primeira análise interina, olaparibe atingiu seu desfecho primário e mostrou redução significativa da recorrência da doença invasiva ou morte (HR 0,58; P < 0,0001). Esse benefício foi confirmado na segunda análise interina, com ganho de sobrevida livre de doença invasiva (SLDi) de 7,3% em 4 anos. A sobrevida global (SG) também foi superior em pacientes tratados com olaparibe (HR 0,68; P = 0,009), com benefício absoluto de 3,4% em 4 anos. Os benefícios de SLDi e SG foram consistentes em todos os subgrupos, evidências que garantiram a aprovação de olaparibe pela Food and Drug Administration (FDA) dos EUA e pela Agência Médica Europeia (EMA), hoje o tratamento recomendado por diretrizes internacionais para pacientes com câncer de mama HER2-negativo de alto risco com variantes patogênicas em BRCA1 ou BRCA2.
Os dados da terceira análise pré-especificada apresentados no SABCS 2024 por Judy Garber, do Dana Farber Cancer Institute, fornecem suporte adicional para os benefícios de olaparibe nessa população de pacientes. Após seguimento mediano de 6,1 anos, os pacientes tratados com olaparibe continuaram a mostrar melhorias significativas nos resultados de sobrevida, tanto no câncer de mama triplo-negativo quanto nos subgrupos de câncer de mama com receptor de estrogênio (ER) positivo.
Com acompanhamento mais longo, a magnitude do benefício de olaparibe em termos de SLDi foi mantida (HR=0,65; IC 95%: 0,53; 0,78), assim como o benefício na sobrevida livre de recorrência distante (HR=0,65; IC 95%: 0,53; 0,81). Olaparibe também resultou em benefício sustentado de SG (HR=0,65; IC 95%: 0,53; 0,81). O total de mortes/pacientes foi de 107/921 vs 143/915 com olaparibe versus placebo, respectivamente. O benefício foi consistente em todos os subgrupos.
O tratamento com olaparibe também reduziu a ocorrência de cânceres associados a BRCA em relação ao grupo placebo, incluindo câncer de mama contralateral invasivo (31 vs 40); câncer de mama contralateral não invasivo (3 vs 4), novo câncer primário de ovário (3 vs 9), novo câncer primário de trompa de falópio (1 vs 4).
Eventos adversos relacionados ao tratamento também foram menores no braço de olaparibe (6,3% vs 9,3%), compreendendo síndrome mielodisplásica ou leucemia mieloide aguda (OL, n=4; PL, n=6), pneumonite (OL, n=9; PL, n=13) e menos novos cânceres primários no geral (OL, n=45; PL, n=68).
“Os dados em andamento do estudo OlympiA são tranquilizadores, demonstrando benefícios persistentes para esses pacientes, melhorando não apenas a proteção contra recorrência, mas também a sobrevida global”, disse Garber. “Essa demonstração de eficácia torna mais importante do que nunca identificar indivíduos que podem se beneficiar desse tratamento, para que possamos planejar a introdução de olaparibe em seus cuidados”, destacou.
Aproximadamente 5% a 10% dos tumores de mama ocorrem em pacientes que abrigam uma variante patogênica da linha germinativa ou provavelmente patogênica (P/LP) em genes de suscetibilidade ao câncer, sendo as mais frequentes as alterações BRCA1 e BRCA2.
Referência:
GS1-09: OlympiA: A phase 3, multicenter, randomized, placebo-controlled trial of adjuvant olaparib after (neo)adjuvant chemotherapy in patients w/ germline BRCA1 & BRCA2 pathogenic variants & highrisk HER2-negative primary breast cancer: longerterm follow
Presenting Author(s): Judy Garber
Abstract Number: SESS-1568