Os implantes hormonais são um problema real em pacientes com diagnóstico de câncer de mama. Estudo de pesquisadores da Beneficência Portuguesa de São Paulo, com participação do oncologista Antonio Carlos Buzaid (foto), mostra que os níveis de E2 podem permanecer elevados muitos anos depois da colocação do implante e alguns implantes não podem ser removidos cirurgicamente, resultando em elevação crônica dos níveis de E2, com grande impacto na seleção da terapia endócrina para essas pacientes. “Nestes casos, somente o tamoxifeno pode ser utilizado como parte da terapia endócrina adjuvante”, destacam os autores, em trabalho apresentado no San Antonio Breast Cancer Symposium.
Os sintomas atribuídos à menopausa são a causa de muita insatisfação e motivam a busca por Terapia de Reposição Hormonal. As inúmeras vantagens associadas a essa terapia de reposição levaram à prescrição generalizada e irrestrita de diferentes hormônios. No entanto, o câncer de mama continua sendo a malignidade mais comum em países ocidentais em mulheres na menopausa e o subtipo positivo para receptor de estrogênio (ER+) é o mais prevalente.
Em pacientes com tumores positivos para receptor hormonal, a terapia endócrina adjuvante tem um grande impacto na sobrevida global e a escolha da terapia endócrina a ser usada será determinada pelo estado da menopausa.
Neste estudo, o objetivo principal foi revisar as características e o curso clínico de pacientes que tinham implantes hormonais e foram diagnosticadas com câncer de mama. Os pesquisadores revisaram retrospectivamente os prontuários médicos de mulheres acima de 18 anos com diagnóstico histopatológico de carcinoma invasivo de mama que relataram ter implantes de reposição hormonal subcutâneos e foram tratadas no Hospital Beneficência Portuguesa em São Paulo de novembro de 2018 a novembro de 2023.
Foram relatados dados de 5 pacientes com carcinoma invasivo de mama positivo para receptor hormonal que haviam sido submetidas anteriormente a implantes subcutâneos como terapia de reposição hormonal. Entre elas, os pesquisadores descrevem uma paciente cujo último implante tinha mais de 3 anos e ainda tinha estradiol medido por espectrometria de massa (E2) de 23. Somente após a remoção cirúrgica de todos os implantes os níveis de E2 reduziram para níveis da menopausa. Outra tinha implantes de cerca de um ano e seus níveis de E2 eram 233. Seus implantes não puderam ser removidos cirurgicamente e a única terapia endócrina adjuvante possível foi o tamoxifeno.
Em síntese, esses dados ajudam a dimensionar o problema representado por implantes hormonais em pacientes com câncer de mama com tumores positivos para receptor hormonal. Naquelas como elevação crônica dos níveis de E2 decorrentes dos implantes, somente o tamoxifeno pode ser utilizado como parte da terapia endócrina adjuvante.
Além de Antonio Carlos Buzaid, o trabalho tem a participação das pesquisadoras Rafaella Britto Toledo, que assina como primeira autora, e coautoria de Carolina Cavalcanti Gonçalves Ferreira e Sara Batista Micheletti.
Referência:
P1-12-23: CASE SERIES OF PATIENTS WITH BREAST CANCER WHO USED HORMONAL IMPLANTS
Presenting Author(s): Rafaella Britto Toledo and Co-Author(s): Antonio Carlos Buzaid, Carolina Cavalcanti Gonçalves Ferreira, Sara Batista Micheletti
Abstract Number: SESS-2373