Tumores epiteliais tímicos (TETs) são tumores malignos raros com opções limitadas de tratamento. Nenhum tratamento padrão de segunda linha está disponível após a quimioterapia de primeira linha preferida, o que se reflete em resultados limitados e prognóstico ruim. Estudo apresentado no WCLC 2024 com participação dos brasileiros Vladmir Cordeiro de Lima e Helano de Freitas (foto), do AC Camargo Cancer Center, sugere que os inibidores de tirosina quinase (TKIs) representam uma opção de tratamento viável em TETs avançados.
Neste estudo retrospectivo, os pesquisadores utilizaram dados de um banco de dados do mundo real (CLICaP). Foram analisados dados demográficos do paciente, genômica do tumor e resultados do tratamento. Análises de sobrevida foram realizadas para avaliar a sobrevida livre de progressão (SLP) e a sobrevida global (SG). A análise considerou características clinicobiológicas e resultados do tratamento com TKIs sozinhos ou em combinação com imunoterapia.
wclcA base analítica incluiu 34 pacientes com diagnóstico histológico confirmado de carcinoma tímico, com idade média ao diagnóstico de 52 anos, 35% mulheres (n = 12). A maior parte dos pacientes (94%) apresentava sintomas no diagnóstico, com 6 (19%) apresentando miastenia gravis. Além disso, 20 indivíduos (59%) tinham histórico familiar de câncer. Com relação ao estadiamento, um paciente (3%) foi diagnosticado no estágio IIIB, 10 no IVA (29%) e os demais com doença no estádio IVB (63%).
Em relação às características patológicas, os autores descrevem que a imuno-histoquímica CD117 foi realizada em 24 casos, dos quais 16 (66%) foram positivos. As características moleculares revelaram um TMB médio de 2,4 mut/Mb e expressão de PD-L1 >1% em 53% dos casos. Mutações foram identificadas em 24 casos. O gene mais comumente mutado foi TP53 em 16 (67%). Outras mutações foram identificadas em TET (n=2, 8%), PIK3CA (n=2, 8%) e KIT (n=2, 8%). CNV na forma de amplificações foi encontrada para CCND2 (n=2, 8%), AKT3 (n=2, 8%) e FGF (n=3,13%), enquanto deleções foram detectadas em MTAP (n=3,13%) e CDK4 (n=2, 8%).
Quando analisado o tratamento, lenvatinibe foi administrado a 21 pacientes (62%), sunitinibe a 10 (24%), lenvatinibe e pembrolizumabe a 2 (6%) e everolimus a um paciente (3%). TKI foi oferecido como segunda linha em 21 pacientes (62%), como terceira linha em 7 (21%) e como quarta linha em 6 (17%). As melhores respostas foram parciais em 5 pacientes, com uma taxa de resposta global de 15%. Todos os respondedores receberam TKIs como tratamento de segunda linha. 19 alcançaram estabilização da doença (56%).
Em relação à SLP, uma mediana de 5,88 meses (IC 95% 4,73-7,47 meses) foi alcançada. A mediana de SG foi de 53,7 meses (IC 95% 34 meses-não alcançada, NR). As primeiras linhas de tratamento favoreceram a SLP, com pacientes tratados com TKI como quarta linha atingindo uma mediana de 1,28 meses em comparação com 5,97 meses como segunda e 6,33 meses como terceira linha (p<0,001).
“Esses achados sugerem que os TKIs são eficazes como tratamentos de segunda linha ou linhas posteriores e representam uma opção de tratamento viável para pacientes latinos com TETs avançados”, concluem os autores.
Referência:
P2.14A.08Tyrosine Kinase Inhibitors (Alone or in Combination) for the Management of Advanced Thymic Epithelial Tumors (TETs) Among Hispanics - V.C.C. de Lima, H. Freitas, J.D. Flórez, A. Ruíz-Patiño, A.F. Cardona, S. Mejía, L. Rojas, J. Zuluaga, L. Corrales, C. Martín, L. Mas, R. Motta, L. Viola, S. Martínez, C. Carvajal, N. Wagner-Gutierrez, N. Sánchez, L.E. Pino, L. Raez, C. Rolfo, O. Arrieta