No estudo de Fase 3 FLAURA2 (NCT04035486), a combinação de osimertinibe mais quimioterapia com platina-pemetrexede melhorou significativamente a sobrevida livre de progressão (SLP) em comparação com osimertinibe isolado como tratamento de primeira linha de pacientes com câncer de pulmão de células não pequenas (CPCNP) avançado com mutação de EGFR. Agora, análise post-hoc apresentada em sessão mini-oral no WCLC 2024 busca entender o impacto da carga tumoral na linha de base (caracterizada pelo número de localizações anatômicas e extensão das metástases à distância no início do estudo) nos resultados. Os resultados foram apresentados por Natalia Valdivieso (foto), oncologista do Instituto Nacional de Enfermedades Neoplásicas, Peru.
Os pacientes foram randomizados 1:1 para receber osimertinibe mais quimioterapia à base de platina, ou monoterapia com osimertinibe até que a progressão ou um critério de descontinuação fosse atendido. O endpoint primário foi a sobrevida livre de progressão (SLP) avaliada pelo investigador por RECIST v1.1.
Análises post-hoc de SLP (por avaliação do investigador) foram realizadas em subgrupos de carga tumoral basal caracterizados pelo número de localizações anatômicas das metástases (<3 [definido como baixo] versus ≥3 [alto]; pacientes com ≥1 lesão metastática em uma localização anatômica foram contados uma vez dentro da localização anatômica metastática especificada) e extensão de metástases distantes (intratorácica [M1a, baixo] versus extratorácica [M1b/M1c, alto]; classificada de acordo com a Versão 8 do Manual de Estadiamento IASLC em Oncologia Torácica). A data de corte de dados foi 03 de abril de 2023.
Resultados
No total, foram incluídos 557 pacientes, randomizados para osimertinibe mais quimioterapia (n=279) ou monoterapia com osimertinibe (n=278). A proporção de pacientes nos subgrupos de carga tumoral basal foi semelhante em todos os braços de tratamento (osimertinibe mais quimioterapia/monoterapia com osimertinibe): <3 localizações anatômicas metastáticas, 46/39%; ≥3 localizações anatômicas metastáticas, 54/61%; M1a, 24/25%; M1b e M1c, 71/72%.
Entre os pacientes com <3 localizações anatômicas metastáticas, a mPFS (IC de 95%) foi de 27,9 meses (24,7, não calculável [NC]) com osimertinibe + quimioterapia versus 30,5 meses (16,6, NC) com osimertinibe; PFS HR 0,75 (IC de 95% 0,51, 1,11).
Nos pacientes com ≥3 localizações anatômicas metastáticas, a mediana de sobrevida livre de progressão (mSLP; IC de 95%) foi de 24,9 meses (21,9, 27,6) com osimertinibe + quimioterapia versus 16,4 meses (13,6, 19,2) com osimertinibe isolado; HR SLP 0,57 (IC 95% 0,43, 0,77). Para pacientes com metástases intratorácicas, mSLP (IC 95%) foi de 26,0 meses (21,9, NC) versus NC (16,7, NC; HR SLP 0,97 [IC 95% 0,59, 1,60]), e para aqueles com metástases extratorácicas, mSLP (IC 95%) foi de 25,1 meses (22,2, NC) versus 16,4 meses (13,6, 19,4; HR SLP 0,54 [IC 95% 0,41, 0,71]) nos braços osimertinibe + quimioterapia versus osimertinibe, respectivamente.
“Pacientes com características associadas à alta carga tumoral no início do estudo tiveram um benefício clinicamente significativo na sobrevida livre de progressão com osimertinibe mais quimioterapia em comparação com a monoterapia com osimertinibe, reforçando ainda mais a utilidade clínica dessa combinação e auxiliando na tomada de decisões clínicas em pacientes com câncer de pulmão de células não pequenas avançado com mutação do EGFR”, concluíram os autores.
Referência:
MA12.04 - FLAURA2: Impact of Tumor Burden on Outcomes of 1L Osimertinib ± Chemotherapy in Patients with EGFR-mutated Advanced NSCLC - N. Valdiviezo, J.E. Gray, P.A. Jänne, K. Kobayashi, J.C-H. Yang, Y. Cheng, C.K. Lee, S. Sugawara, Y. Yu, T.M. Kim, S. Taggart, M. Albayaty, D. Ghiorghiu, D. Planchard