BESPOKE CRC, um estudo multicêntrico, prospectivo e observacional, investigou a utilidade clínica do DNA tumoral circulante (ctDNA) para detectar a recorrência precoce baseada em doença residual molecular (MRD) em pacientes com câncer colorretal ressecado cirurgicamente. “A positividade do ctDNA foi altamente prognóstica de sobrevida livre de doença em um subgrupo de pacientes com estágios II-III. Nossos resultados destacam o valor potencial da detecção de MRD baseada em ctDNA para a tomada de decisão de tratamento”, disse Purvi K. Shah, do Virginia Cancer Institute, que apresentou o trabalho no ASCO GI 2025.
Neste estudo (NCT04264702), os principais desfechos buscaram avaliar o impacto do teste de ctDNA nas decisões de tratamento e nas taxas de recorrência assintomática. Desfechos secundários incluíram a taxa de depuração de MRD, a sobrevida de pacientes com MRD negativo, a sobrevida global e os resultados relatados pelo paciente.
Dados clínicos e laboratoriais completos estavam disponíveis para 1001 pacientes com CRC em estágios II–III. O teste longitudinal de ctDNA foi realizado prospectivamente usando um ensaio mPCR-NGS de 16 plexos clinicamente validado, personalizado e informado pelo tumor (Signatera, Natera, Inc.). Os pontos de tempo do plasma (n=8.536) foram coletados durante as janelas MRD (2-12 semanas pós-operatórias) e vigilância (conclusão da quimioterapia pós-adjuvante [ACT]/12 semanas pós-operatórias para pacientes observados). Os pesquisadores avaliaram a correlação entre o status do ctDNA e a sobrevida livre de doença (SLD) como parte da análise exploratória.
Os resultados apresentados no ASCO GI 2025 mostram que após a ressecção curativa, 62,4% (625/1001) dos pacientes receberam ACT: 25,9% (115/443) estágio II e 91,3% (510/558) estágio III. Entre os pacientes com resultados de ctDNA disponíveis durante a janela MRD em um acompanhamento mediano de 23,15 meses (intervalo: 2,89-33,45), a positividade do ctDNA foi observada em 8,1% (34/420) dos pacientes em estágio II e em 24,9% (126/505) daqueles em estágio III. Uma associação significativa entre positividade de ctDNA e SLD inferior foi observada em pacientes em estágio II (HR=10,4; p<0,0001) e estágio III (HR=10,1, p<0,0001). As estimativas de SLD de 18/24 meses para os estágios II-III combinados foram: (MRD-negativo: 93,0%/91,7%; MRD-positivo: 44,4%/41,4%).
A análise da vigilância foi realizada separadamente para pacientes observados (N=368) vs. tratados com ACT (N=597). Durante a vigilância, na coorte de observação, 6,8% (22/323) dos pacientes estágio II e 33,3% daqueles com estágio III (15/45) testaram ctDNA-positivo correlacionando-se com SLD significativamente pior (estágio II: HR=34,9; p<0,0001, estágio III: HR=34,1; p=0,0008). Da mesma forma, os pesquisadores descrevem que na coorte ACT, 10,9% (12/110) dos pacientes estágio II e 21,1% dos pacientes estágio III (103/487) tornaram-se ctDNA-positivos e tiveram SLD significativamente pior (estágio II: HR=131,4; p<0,0001, estágio III: HR=54,6; p<0,0001).
“Os resultados do estudo BESPOKE apoiam um crescente corpo de literatura de que a positividade do ctDNA é um prognóstico de sobrevida livre de doença em um subgrupo de pacientes com câncer colorretal em estágios II-III”, disse a especialista da ASCO, Pamela Kunz, que comentou o estudo.
Referência:
Circulating tumor DNA for detection of molecular residual disease (MRD) in patients (pts) with stage II/III colorectal cancer (CRC): Final analysis of the BESPOKE CRC sub-cohort.
First Author: Purvi K. Shah, MD, MBBS
Meeting: 2025 ASCO Gastrointestinal Cancers Symposium
Session Type: Oral Abstract Session
Session Title: Oral Abstract Session C: Cancers of the Colon, Rectum, and Anus
Track: Colorectal Cancer
Subtrack: Tumor Biology, Biomarkers, and Pathology
Abstract #: 15
Citation: DOI: 10.1200/JCO.2025.43.4_suppl.15
