O oncologista Thiago Lins Almeida (foto), médico do Centro Paraibano de Oncologia – Oncovida Especialidades e docente adjunto da Universidade Federal da Paraíba, comenta alguns destaques do V Congresso Internacional de Neuro-Oncologia, que aconteceu nos dias 28 e 29 de abril, em São Paulo.
As implicações práticas dos significativos avanços no conhecimento molecular dos gliomas difusos (WHO, 2016) estiveram em pauta no V Congresso Internacional de Neuro-Oncologia. Foram abordados conceitos e técnicas para o diagnóstico patológico e radiológico, agora primordialmente fundamentada pela análise do polimorfismo dos genes IDH e 1p19q (codel). Assim, foi ressaltado o diagnóstico molecular mais preciso (IHQ, FISH, SNP, NGS) e mais determinante do prognóstico, enquanto a neurorradiologia já busca correlacionar esses genótipos aos fenótipos achados nas sequências de RNM e PET-RNM, incluindo também informações sobre VEGF, EGFRvIII e MGMT (Imaging-Genomics).
Na abordagem upfront dos gliomas de alto grau, o tratamento padrão permanece o protocolo Stupp 2005, enquanto os tratamentos na recorrência são restritos. Nos pacientes idosos com bom desempenho funcional e portadores de gliomas de alto grau, o tratamento padrão também mantém sua superioridade (NOA-08, NORDIC), independente do status metilação MGMT, sendo favorecida a incorporação da radioterapia hipofracionada com 40Gy (EORTC 26062) para este grupo de pacientes. Entretanto, permanecem as opções de radioterapia isolada (hipofracionada) para aqueles unmetMGMT, e de quimioterapia isolada para os metMGMT. Esse contexto ganha relevância, uma vez que o envelhecimento populacional aumentará este grupo de risco, predominantemente metMGMT, wtIDH e unfit. De todo modo, vale ressaltar que ainda não há evidências para uso do hipofracionamento em pacientes não idosos.
Também foram discutidas a perspectiva para ganho de sobrevida global mediana com a quimioterapia neoadjuvante e do novo-TTF adjuvante, a viabilidade da biópsia líquida do líquor para assinatura de microRNAs, a implicação das stem cells tumorais na recorrência e os estudos de modulação sobre checkpoints imunobiológicos.