De olho na nova geração de survivors e nos melhores resultados terapêuticos, qualidade de vida tem merecido atenção redobrada, agora também com um olhar atento aos desfechos de longo prazo.
Na prática diária, vencer barreiras na comunicação médico-paciente e dedicar um olhar mais atento ao controle de sintomas são questões que ainda desafiam a comunidade médica.
Apresentado em sessão plenária na ASCO 2017, estudo de Basch et al mostrou em números que valorizar a qualidade de vida traz resultados importantes. O estudo utilizou uma plataforma online para monitorar os sintomas de pacientes com câncer metastático e mostrou que após um seguimento médio de 7 anos, a intervenção aumentou a sobrevida global em 5 meses. “O ganho de sobrevida pode parecer modesto, mas é maior que o efeito de muitas terapias-alvo”, afirmou Ethan Basch, professor de medicina da Universidade de Carolina do Norte e primeiro autor do estudo.
Sem dúvida, é um desafio a mais, entre tantos outros, a começar pela avaliação das diversas variáveis que determinam qualidade de vida. Como avaliar com segurança algo subjetivo, multidimensional e muitas vezes particular?
Uma boa relação médico-paciente é ponto de partida obrigatório. Parece simples? Não é. “Os médicos em geral não avaliam e por isso o controle de sintomas é ruim”, afirma Ricardo Caponero, coordenador do Centro avançado de Terapia de Suporte e Medicina Integrativa do Centro de Oncologia do Hospital Alemão Oswaldo Cruz.
O crescente número de sobreviventes de câncer, os chamados survivors, impõem a necessidade de oferecer qualidade de vida, em uma lógica que cada vez mais traz em perspectiva a integralidade da assistência e revela que o gargalo do acesso também alcança estratégias preventivas e de cuidados de suporte. A boa notícia é que à medida em que os desafios aumentam, crescem também alternativas para contribuir com o bem-estar do paciente e sobrevivente de câncer. Exemplos disso são as técnicas de medicina integrativa para a promoção da qualidade de vida durante e após o tratamento, assim como as evidências que demonstram cada vez mais a importância da nutrição e estilo de vida para viver mais. E melhor.
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