Onconews - Mamografia em nova versão

BALANCO_MAMA_bx.jpgEstudos randomizados e vários estudos observacionais têm demonstrado o impacto da mamografia na redução da mortalidade por câncer de mama.Rastreamento mamográfico continua padrão na prevenção secundária e investigação diagnóstica inova com mamografia com contraste e em versão 3D.

Desde 2011, diversas diretrizes internacionais passaram a incluir a mamografia digital na triagem do câncer de mama. Aqui, também o Colégio Brasileiro de Radiologia (CBR) e pelo menos duas sociedades médicas (SBM e Febrasgo)1 reforçam a recomendação. “Evidências mostram que a mamografia digital apresenta maior taxa de detecção de câncer em relação à mamografia convencional, diagnosticando mais casos de tumores invasores e CDIS mais agressivos”, diz Antonio Frasson, presidente da Sociedade Brasileira de Mastologia.

O momento ideal para iniciar o rastreio mamográfico ainda permanece controverso. Como política pública, o Ministério da Saúde (MS) recomenda a mamografia bienal para mulheres de 50 a 74 anos e  não recomenda mamografia de rotina para mulheres de 40-49 anos, sob o argumento de maior número de falso-positivos, cumprindo exatamente a mesma recomendação do USPSTF atualizada em 2016. O MS considera que a decisão de iniciar o rastreio mamográfico bienal antes dos 50 anos deve ser individual e levar em conta a avaliação de risco/benefício.
Sociedades médicas discordam e reiteram a recomendação de indicar o exame a partir dos 40 anos, anualmente, como preconiza o Colégio Médico Americano.“Nós verificamos que existe um número de casos na população abaixo de 50 anos que não é desprezível. Em algumas regiões do país, aproximadamente 40% dos casos de câncer de mama são diagnosticados abaixo dos 50 anos”, diz Frasson.

Também controversa, a mamografia nas mulheres acima de 75 anos não está incluída nas políticas públicas. “Para esse grupo temos estimulado intervenções individuais, considerando o aumento da expectativa de vida”, argumenta o presidente da SBM.

Para a população de alto risco (≥ 20%), caracterizada por mulheres com mutação BRCA 1/2 e história pessoal ou familiar de câncer, a recomendação é realizar a mamografia anual a partir dos 30 anos e complementar a investigação com exame de ressonância magnética.
 
Inovação

Em dezembro de 2014, estudo que avaliou 25.547 mulheres entre 50 e 69 anos mostrou evidências do valor da tomossíntese associada à mamografia digital de campo total em um programa de rastreio de base populacional.
"Nossos resultados são extremamente promissores, mostrando um aumento relativo de 30% na taxa de detecção de câncer", disse Per Skaane, do Departamento de Radiologia do Hospital Universitário de Oslo, na Noruega, pesquisador principal do estudo. “Significa que a aplicação da tomossíntese pode indicar uma nova era no rastreamento do câncer de mama", concluiu.

Da realidade norueguesa para a de países como o Brasil há certamente uma grande distância, mas na assistência suplementar a tecnologia já está acessível em diferentes contextos, também conhecida como mamografia tridimensional (3D).

Outra novidade da investigação diagnóstica vem da mamografia digital com contraste, chamada de angiomamografia.  Resultados preliminares sugerem que, a exemplo da ressonância magnética, a técnica é útil para avaliar a extensão da doença e presença de doença multifocal, indicada na investigação diagnóstica de mulheres com mamas densas ou com história familiar/pessoal de câncer.

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