Exemplos mostram que vale à pena trazer a oncologia para a graduação médica. É na perspectiva de valorizar a especialidade, sem perder de vista o foco na assistência integral, que a multiplicação das ligas de oncologia assume papel central na construção de verdadeiras pontes do conhecimento.
{jathumbnail off}“A Liga é o meio para tomar contato com a oncologia desde a graduação. No nosso caso, desde o primeiro ano”, esclarece Jacqueline Menezes, diretora científica da Liga de Oncologia da Universidade de Mogi das Cruzes (UMC). “Na UMC, temos uma disciplina de Oncologia na grade curricular, a partir do quarto ano. Participar da Liga é uma forma de entrar em contato com a oncologia desde o início da graduação, através de uma série de atividades. Eu entrei na faculdade pensando na área, porque sou uma apaixonada, e desde o primeiro ano pude aprender muito sobre oncologia”, diz ela.
Objetivos comuns acabaram por aproximar as ligas de oncologia de diferentes faculdades de medicina em um grande encontro regional, o Interonco, que já resultou na realização de dois congressos científicos e hoje reúne 10 instituições de ensino.
Agora, a proposta é estimular a adesão de outras ligas de oncologia, em um esforço que tem a assinatura do Comitê Brasileiro das Ligas de Cancerologia (COBRALC) para mapear a presença e perfil das ligas, em todo o país. “Temos uma base de dados e a partir dela vamos estabelecer contato com as faculdades de medicina do Brasil inteiro para saber se existem ligas de oncologia organizadas e que tipo de atividades elas promovem. Queremos multiplicar a experiência do Sudeste, com o Interonco, agora com uma aliança nacional”, propõe Jacqueline.
Prevenção primária
“A patologista Lucimar Avó, professora da faculdade de medicina da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), é outra entusiasta do papel das ligas de oncologia. Ela idealizou e coordena a LOCCU, a Liga de Oncologia Clínica e Cirúrgica da UFSCar, que tem a proposta de sensibilizar os alunos de medicina para conhecer os tumores mais prevalentes no panorama epidemiológico brasileiro, a partir de diferentes intervenções - desde esforços na prevenção e no diagnóstico precoce do câncer, até a importância dos cuidados paliativos.
“É uma proposta inicial, trabalhamos com os recursos disponíveis, que não são muitos, e com o foco na saúde, não na doença. A prevenção primária e o diagnóstico precoce são a tônica desse trabalho”, ensina a coordenadora da LOCCU.
Foi assim quando os alunos foram à praça da cidade para estimular a população a refletir sobre a importância da prevenção do câncer de pele e a se engajar na luta antitabaco. O trabalho envolveu da conscientização à assistência, com o suporte de um ambulatório que dá amparo às atividades acadêmicas e permite ações coordenadas. Em síntese, cada campanha realizada pela Liga é a oportunidade de sistematizar e divulgar informação sobre as medidas de prevenção contra o câncer, e ao mesmo tempo estimular a população a realizar exames para o diagnóstico precoce.
“Não tenho dúvida de que as ligas educacionais das universidades cumprem um papel fundamental”, diz o presidente da SBOC. “É a partir da Liga que os alunos vão se aprofundar no tema e reverberar a importância da oncologia entre os colegas. E o principal, vão começar a despertar para as grandes diferenças regionais da oncologia. A partir da Liga, o corpo docente vai entender a importância de moldar o processo de ensino oncológico da graduação com base na epidemiologia local”, propõe.