Estudo que buscou avaliar o efeito da acupuntura na mielossupressão e a qualidade de vida em mulheres com câncer de mama expostas à quimioterapia com antraciclinas mostrou que a acupuntura foi eficaz na profilaxia secundária da mielossupressão e melhorou a qualidade de vida durante o tratamento. O trabalho foi publicado na Supportive Care in Cancer e desenvolvido como tema de mestrado da pesquisadora Carmen Sylvia Varella Alliz Sicart (na foto, à direita), sob orientação de Simone Elias, médica e professora orientadora do programa de pós-graduação da Escola Paulista de Mediciina - Unifesp.
Mulheres com indicação de quimioterapia baseada em antracíclicos foram randomizadas em dois grupos: grupo acupuntura (GA) e grupo controle (GC). As participantes foram avaliadas por questionário de qualidade de vida (FACT-G) e quanto aos níveis sanguíneos periféricos antes e ao final do tratamento.
O GA foi submetido a uma intervenção de acupuntura, iniciada antes da primeira infusão de quimioterapia e continuada durante todo o tratamento com antraciclinas.
Os resultados de Sicart et al. referem um total de 26 mulheres elegíveis e randomizadas para o grupo de acupuntura (n=10) e o grupo controle (n=16). Deste universo, 26,9% tiveram indicação de dose densa de acordo com o protocolo do serviço e receberam fator estimulador de granulócitos (G-CSF) desde o primeiro ciclo. Os autores descrevem que a necessidade de profilaxia secundária com G-CSF ocorreu em 72,7% no grupo controle versus 12% no grupo de acupuntura.
Em relação à qualidade de vida (QV), inicialmente não foram observadas diferenças entre os dois grupos de análise. No entanto, ao final do tratamento houve diferença significativa no GA para o exame físico (p=0,011). A diferença também foi significativa para a avaliação de qualidade de vida social/familiar em favor do grupo de acupuntura (p=0,018), que ainda mostrou desempenho superior na avaliação funcional (p=0,010). Em relação aos domínios avaliados, o FACT-G final mostrou diferença significativa entre os grupos, onde a média do grupo de acupuntura passou de 80,68 para 90,12 (p= 0,004), enquanto no grupo controle a média caiu de 81,95 para 70,59 (p=0,003).
Em conclusão, esses resultados mostram que a acupuntura foi eficaz na profilaxia secundária da mielossupressão durante a quimioterapia e aumentou a qualidade de vida das mulheres durante o tratamento.
Além de Carmen Sylvia Varella Alliz Sicart e Simone Elias como primeira autora e autora sênior, respectivamente, este estudo contou com a participação de Roberta Pitta Costa Luz, Samantha Karlla Lopes de Almeida Rizzi, Afonso Celso Pinto Nazário e Gil Facina.
Referência: Supportive Care in Cancer (2023) 31:156 https://doi.org/10.1007/s00520-023-07616-7