Estudo que investigou a segurança e eficácia da readministração do inibidor da tirosina quinase (TKI) do receptor do fator de crescimento epidérmico (EGFR) após a recuperação da doença pulmonar intersticial (DPI) induzida por esses medicamentos mostrou que nova administração de EGFR-TKI melhorou a taxa de resposta global e a taxa de controle da doença, assim como teve benefício na sobrevida livre de progressão mediana e na mediana de sobrevida global. William Nassib William Jr. (foto), líder nacional de Oncologia Torácica do Grupo Oncoclínicas, analisa os resultados.
Neste estudo retrospectivo multicêntrico, Kanaji et al. coletaram dados de pacientes consecutivos com câncer de pulmão de células não pequenas (CPCNP) avançado que foram submetidos à readministração de EGFR-TKI após recuperação de DPI induzida por esses inibidores.
A análise incluiu um total de 58 pacientes. Os graus de DPI inicial induzida por TKI foram de grau 1 a 4. Os TKI utilizados para readministração foram osimertinibe (15 pacientes), erlotinibe (15), gefitinibe (14), afatinibe (13) e dacomitinibe (1). A DPI recorreu em 13 pacientes (22,4%), sendo 3 pacientes com grau 1, outros 6 pacientes com grau 2 e 4 pacientes com grau 3. Não foram encontradas associações significativas entre recorrência de DPI e idade, histórico de tabagismo, performance status, tempo desde o início da readministração de ILD para TKI ou uso concomitante de corticosteroides. No entanto, a incidência de recorrência de DPI foi elevada em casos de utilização repetida de gefitinibe ou erlotinibe ou utilização pela primeira vez de osimertinibe na readministração de TKI. A taxa de recorrência de DPI foi mais baixa em pacientes tratados com o uso inicial de gefitinibe (8%) ou erlotinibe (8%), seguida por pacientes tratados com uso repetido de osimertinibe (9%). A taxa de resposta, a mediana de sobrevida livre de progressão (SLP) por readministração de TKI e a sobrevida global (SG) mediana foram de 55%, 9,6 e 84,8 meses, respectivamente.
“Este estudo mostrou que a readministração de EGFR-TKI é um tratamento viável e eficaz para pacientes que se recuperaram de DPI induzida por EGFR-TKI. Nossos resultados indicam que a readministração de EGFR-TKI é uma opção importante para o prognóstico a longo prazo após a recuperação da DPI induzida por EGFR-TKI”, destacam os autores.
Este é o maior estudo até o momento a avaliar a readministração de EGFR-TKI em pacientes recuperados de DPI induzida por esses medicamentos. Em 58 pacientes avaliados o estudo revelou que (1) a taxa de recorrência de DPI induzida pela readministração de EGFR-TKI foi de 22,4%; (2) A recorrência de DPI foi frequentemente observada com gefitinibe ou erlotinibe usado pela segunda vez e quando osimertinibe foi usado pela primeira vez; (3) por outro lado, a taxa de recorrência de DPI foi baixa quando gefitinibe ou erlotinibe foi usado pela primeira vez e quando osimertinibe foi usado pela segunda vez; (4) as DPIs induzidas pela readministração de EGFR-TKI foram de grau 1–3, o que foi tolerável; e (5) a taxa de resposta global, a taxa de controle da doença, a SLP mediana por readministração de EGFR-TKI e a SG mediana foram de 55%, 94%, 9,6 meses e 84,8 meses, respetivamente.
Para William, apesar do estudo sugerir que a re-exposição a TKI após a DPI seja factível, 5%, 10% e 7% dos pacientes apresentaram toxicidade pulmonar grau 1, 2 e 3, respectivamente, com o re-tratamento. "Além disso, corticoide profilático foi administrado a 29% dos pacientes no momento da re-exposição. Portanto, quando se considera empregar esta estratégia, a seleção de pacientes deve ser cuidadosa, com criteriosa ponderação de risco/benefício", avalia.
Referência: Kanaji, N., Ichihara, E., Tanaka, T. et al. Efficacy and Safety of Re-administration of Epidermal Growth Factor Receptor-Tyrosine Kinase Inhibitor (EGFR-TKI) After EGFR-TKI-Induced Interstitial Lung Disease (CS-Lung-005). Lung (2024). https://doi.org/10.1007/s00408-023-00669-9