Estudo que buscou avaliar a adesão às diretrizes da Sociedade Europeia de Oncologia Ginecológica (ESGO) no cuidado de pacientes com obesidade mórbida (índice de massa corporal (IMC) >40 kg/m2) relatou os resultados no International Journal of Gynecologial Cancers, destacando que a adesão às diretrizes internacionais para manejo cirúrgico foi significativamente menor para essas pacientes, especialmente no estadiamento linfonodal.
A obesidade é conhecida por ser importante fator de risco para câncer endometrial e associada à complexidade cirúrgica, sendo o manejo de pacientes com obesidade um desafio importante para cirurgiões e oncologistas.
Nesta análise, os pesquisadores consideraram todas as pacientes tratadas de câncer de endométrio nos 11 institutos de câncer do grupo FRANCOGYN, do Colégio Nacional de Ginecologistas e Obstetras franceses. Essas pacientes foram incluídas e classificadas em três grupos de peso: mórbido (IMC >40 kg/m2), obeso (IMC 30–40) e normal ou excesso de peso (IMC <30). A adesão às diretrizes foi o principal objetivo primário, avaliada para manejo cirúrgico, estadiamento linfonodal e terapias adjuvantes. Os objetivos secundários foram o impacto na sobrevida global e na sobrevida livre de recorrência.
Foram incluídas 2.375 pacientes: 1.330 no grupo normal ou com sobrepeso, 763 no grupo obeso e 282 no grupo mórbido. Os autores descrevem que o manejo cirúrgico do grupo mórbido esteve de acordo com as diretrizes em apenas 30% dos casos, comparado com 44% do grupo obeso e 48% do grupo normal ou com sobrepeso (p<0,001), em grande parte devido à falta de estadiamento dos linfonodos. Por outro lado, as pacientes do grupo mórbido tiveram maior probabilidade de receber terapia adjuvante recomendada (61%) em comparação com o grupo obeso (52%) ou o grupo normal ou com sobrepeso (46%) (p<0,001). O peso não teve impacto na sobrevida global (p=0,6) e as pacientes do grupo mórbido tiveram melhor sobrevida livre de recorrência (p=0,04).
“A adesão às diretrizes internacionais para manejo cirúrgico foi significativamente menor em pacientes do grupo mórbido, especialmente para estadiamento linfonodal. No entanto, pacientes com obesidade mórbida receberam com maior frequência as terapias adjuvantes adequadas. As pacientes do grupo mórbido tiveram melhor sobrevida livre de recorrência, provavelmente devido aos tumores com melhor prognóstico”, concluem os autores
Referência: Ouasti S, Ilic J, Mimoun C, et al. Adherence to ESGO guidelines and impact on survival in obese patients with endometrial cancer: a multicentric retrospective study International Journal of Gynecologic Cancer Published Online First: 03 October 2023. doi: 10.1136/ijgc-2023-004642