Qual o tempo necessário para retornar às atividades da vida diária após a cirurgia de câncer de mama? Estudo prospectivo, multicêntrico, buscou avaliar o retorno às atividades de vida diária, com achados que destacam o retorno mais lento às atividades específicas (particularmente baseadas na força) em pacientes que realizaram reconstrução mamária, sendo mais lento na reconstrução autóloga comparada à reconstrução com implantes.
Atualmente, há dados limitados disponíveis na literatura médica sobre recomendações de tempo para retorno às atividades de vida diária (AVDs) após cirurgia de mama. Neste estudo prospectivo, os pesquisadores utilizaram questionário auto-relatado para determinar o tempo necessário para retornar às AVDs após mastectomia, com ou sem reconstrução mamária.
Os autores descrevem que, entre janeiro de 2017 e dezembro de 2019, mulheres foram solicitadas a preencher um questionário com 15 AVDs de acordo com uma escala de tempo de 5 opções para “retorno à atividade”. O questionário foi respondido por 42 pacientes (idade mediana [intervalo]: 64 anos [31–84]). Entre as respondentes, 22 realizaram mastectomia simples, sete mastectomia e reconstrução com implante, sete realizaram mastectomia e reconstrução autóloga (DIEP) e seis não especificaram. No geral, mais de 90% conseguiam subir escadas e escovar o cabelo em duas semanas e 84% conseguiam entrar e sair do banho em quatro semanas. Em 1-2 meses, 92% podiam fazer suas próprias compras e 86% podiam dirigir. 68% das mulheres empregadas regressaram ao trabalho no prazo de quatro meses.
Em comparação com a mastectomia simples, as pacientes submetidas à reconstrução demoraram mais tempo para voltar a entrar/sair do banho (<2 vs. 2–4 semanas), aspirar a casa (2–4 semanas vs. 1-2 meses) e fazer exercícios físicos (1 -2 vs. 3-4 meses). Houve um retorno mais lento às compras (1-2 meses vs. 2-4 semanas), condução de veículos, retorno ao trabalho (ambos 3-4 vs. 1-2 meses) e atividades esportivas (3-4 vs. 1-2 meses) em pacientes que realizaram reconstrução autóloga em comparação com a reconstrução com implantes.
“Este estudo é viável. Ele destaca o retorno mais lento às atividades específicas (particularmente baseadas na força) em pacientes reconstruídas, sendo mais lento na reconstrução autóloga em comparação com a reconstrução com implantes. O impacto no retorno às AVD deve ser discutido como parte do aconselhamento pré-operatório, auxiliar na tomada de decisão”, concluem os autores, acrescentando que um estudo maior é necessário para confirmar esses resultados.
Outros fatores importantes que podem impactar o retorno às AVDs, como terapia adjuvante e reconstrução tardia, não foram incluídos.
Referência: L. Ballance, R. L. Wilson, C. C. Kirwan, G. Boundouki, V. P. Taxiarchi, B. G. Baker, V. Rusius, M. Rowland, J. R. Henderson, N. Marikakis, J. McAleer, J. R. Harvey, On Behalf of the Northwest Breast Research Collaborative, "Return to Activities of Daily Living after Breast Cancer Surgery: An Observational Prospective Questionnaire-Based Study of Patients Undergoing Mastectomy with or without Immediate Reconstruction", The Breast Journal, vol. 2023, Article ID 9345780, 8 pages, 2023. https://doi.org/10.1155/2023/9345780