Onconews - ARTICUNO: osimertinibe no CPCNP com mutações incomuns de EGFR

O estudo ARTICUNO avaliou retrospectivamente dados sobre a atividade de osimertinibe em pacientes com câncer de pulmão de células não pequenas (CPCNP) avançado com mutações pouco comuns do EGFR (uEGFR) tratados em 21 centros clínicos entre agosto de 2017 e março de 2023. “Este é o maior conjunto de dados de CPNPC com alterações incomuns de EGFR tratados com osimertinibe”, destacam os autores em artigo publicado no ESMO Open. A oncologista Clarissa Baldotto (foto), Diretora do Núcleo de Integração Oncológica at Oncologia D'Or, analisa os resultados.

Osimertinibe representa o padrão de tratamento do câncer de pulmão de células não pequenas (CPCNP) avançado com mutações clássicas do receptor do fator de crescimento epidérmico (EGFR), constituindo 80% -90% de todas as alterações do EGFR. Nos casos restantes, pode ser detectado um conjunto variado de alterações pouco comuns do EGFR (uEGFR), que conferem sensibilidade variável às gerações prévias de inibidores do EGFR, no geral com menor atividade terapêutica. Os dados sobre osimertinibe neste cenário são limitados.

"A terapia-alvo para pacientes com mutações de EGFR é uma das estratégias mais bem sucedidas no tratamento do câncer de pulmão, tanto no cenário da doença avançada, quanto mais recentemente para doença inicial. Entretanto, a maior parte dos estudos clínicos incluiu somente pacientes com mutações clássicas de sensibilidade (deleção do exon 19 e mutação pontual no exon 21 - L858R)", observa Clarissa. "Há um grupo de pacientes que são portadores de mutações pouco comuns, para as quais temos pouco informação sobre a melhor estratégia de tratamento. O maior volume de dados vem de estudos utilizando inibidores de tirosina quinase de EGFR de 2a geração, que são potencialmente mais tóxicos.", acrescenta.

Nesse estudo, a análise dos dados foi realizada com objetivo descritivo. Os pesquisadores coletaram dados de resposta de acordo com os critérios RECIST versão 1.1. A mediana de duração da resposta, a sobrevida livre de progressão (mSLP) e a sobrevida global foram estimadas pelo método de Kaplan-Meier.

Foram identificados oitenta e seis pacientes com uEGFR tratados com osimertinibe. Pacientes com uEGFR “principal”, ou seja, mutações G719X, L861X e S768I (n = 51), tiveram uma taxa de resposta global (TRG) e mSLP de 50% e 9 meses, respectivamente. Resultados variáveis ​​foram registrados em casos com mutações “menores” mais raras (n = 27), com TRG e mSLP de 31% e 4 meses, respectivamente.

Entre sete pacientes com inserções no éxon 20, a TRG foi de 14%, enquanto o melhor resultado foi registrado entre pacientes com mutações compostas, incluindo pelo menos uma mutação clássica do EGFR (n = 13). Trinta pacientes apresentaram metástases cerebrais e TRG intracraniana e mSLP foram de 58% e 9 meses, respectivamente.

A amplificação de EGFR ou MET, mutações TP53 e EGFR E709K surgiu após falha do osimertinibe em um conjunto de dados de 18 pacientes com rebiopsia disponível.

O estudo ARTICUNO confirma a atividade de osimertinibe em pacientes com uEGFR, especialmente naqueles com mutações compostas incomuns-comuns, ou uEGFR principais, mesmo na presença de metástases cerebrais. Alterações no resíduo E709 do EGFR estão associadas à resistência a osimertinibe.

"Algumas séries retrospectivas vêm demonstrando que osimertinibe, inibidor de terceira geração, também possui atividade em pacientes com mutações incomuns. Por esta razão, os dados publicados no estudo ARTICUNO são muito importantes, reafirmando esta possibilidade menos tóxica de tratamento", conclui Clarissa.

Referência:

Pizzutilo EG, Agostara AG, Oresti S, Signorelli D, Stabile S, Lauricella C, Motta V, Amatu A, Ruggieri L, Brambilla M, Occhipinti M, Proto C, Giusti R, Filetti M, Genova C, Barletta G, Gelsomino F, Bennati C, Siringo M, Di Fazio GR, Russano M, Montrone M, Gariazzo E, Roca E, Bordi P, Delmonte A, Scimone A, Belluomini L, Mazzoni F, Carta A, Pelizzari G, Viscardi G, Morgillo F, Gelibter A, Gori S, Berardi R, Cortinovis D, Ardizzoni A, Veronese SM, Sartore-Bianchi A, Giannetta LG, Cerea G, Siena S. Activity of osimeRTInib in non-small-cell lung Cancer with UNcommon epidermal growth factor receptor mutations: retrospective Observational multicenter study (ARTICUNO). ESMO Open. 2024 Jun;9(6):103592. doi: 10.1016/j.esmoop.2024.103592. Epub 2024 Jun 14. PMID: 38878323; PMCID: PMC11233869.