Solução de inteligência artificial (IA) baseada em uma assinatura sanguínea foi capaz de detectar o carcinoma hepatocelular (CHC) um ano antes do diagnóstico clínico, abrindo espaço para intervenções oportunas. “A assinatura sanguínea de rotina baseada em IA ​​pode avançar o diagnóstico de CHC em 40% dos pacientes em um ano e potencialmente levar à redução da mortalidade por câncer”, destacam pesquisadores de Kowloon, China, em trabalho apresentado em sessão mini-oral no ESMO GI.

A detecção precoce do carcinoma hepatocelular (CHC) continua desafiadora diante da sensibilidade limitada do teste de alfa-fetoproteína (aFP) e da ultrassonografia inconclusiva no fígado cirrótico.  Pesquisa anterior do mesmo grupo asiático possibilitou a construção de um classificador de IA com base em exames de sangue de rotina para detecção de CHC (sensibilidade: 0,80, especificidade: 0,81 AUROC: 0,894 no ponto de corte 0,43, treinado por dados de 220 mil pacientes). No ESMO GI 2024, o objetivo foi avaliar se essa assinatura sanguínea de IA pode ser detectada até 1 ano antes do diagnóstico clínico.

Pacientes com CHC e doença hepática crônica (DLC, na sigla em inglês) foram identificados com códigos CID, histórico de medicamentos antivirais, teste de virologia e relatórios de radiologia. Casos descompensados ​​foram excluídos. Registros de sangue (CBC, LFT, RFT, Perfil de coagulação) dentro de um ano antes do diagnóstico de CHC foram recuperados em intervalos (1-3 meses, 3-6 meses, 6-9 meses e 9-12 meses antes do diagnóstico). O classificador de IA foi aplicado, assim como a pontuação de risco. O desempenho do teste e o tempo de espera criado pelo diagnóstico precoce de IA foram calculados. O desempenho de IA foi comparado com AFP (usando o corte em 20 ng/mL).

A coorte avaliada incluiu 13.703 pacientes (3.415 com CHC e 10.288 pacientes com CLD). A análise revela que a sensibilidade da triagem em intervalos com pontuação de corte de 0,43 foi de 61,3%, 50,1%, 44,2% e 41,3% respectivamente, garantindo especificidade acima de 75%. O tempo médio de espera para detecção em pacientes com CHC foi de 167 dias antes do diagnóstico. O teste de sangue de rotina foi 5 vezes mais comumente usado do que aFP durante a fase de vigilância. O desempenho da IA ​​sanguínea de rotina foi superior ao da aFP, que permaneceu abaixo de 45% em todos os intervalos.

Os resultados do estudo mostram que a assinatura sanguínea de rotina baseada em IA ​​existe até 1 ano antes do diagnóstico clínico de CHC e cria uma janela significativa para intervenção precoce oportuna para melhorar a cura. “A assinatura sanguínea de rotina baseada em IA ​​pode avançar o diagnóstico de CHC em 40% dos pacientes em um ano e potencialmente levar à redução da mortalidade por câncer”, destacam os  pesquisadores.

O ESMO GI 2024 acontece de 26 a 29 de junho, em Munique, Alemanha.

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Referência:

165MO - Early detection of HCC by routine blood based-AI
Speakers: Kin Nam Kwok (Kowloon, Hong Kong SAR China)