A Sociedade Americana de Radiação Oncológica (ASTRO) atualizou suas diretrizes de melhores práticas para o tratamento e melhoria da qualidade de vida de pacientes com metástases ósseas sintomáticas. O guideline foi publicado em acesso aberto no periódico Practical Radiation Oncology.
“A radioterapia é a base do tratamento para pacientes com metástases ósseas sintomáticas, oferecendo uma opção não cirúrgica para alívio rápido da dor e melhoria da qualidade de vida com efeitos colaterais mínimos”, disse Tracy Balboni, presidente da força-tarefa das diretrizes e professora na Harvard Medical School e no Dana-Farber/Brigham and Women's Cancer Center em Boston. “Nossa diretriz delineia várias abordagens baseadas em evidências para fornecer esta terapia testada e comprovada, incluindo melhorias significativas em uma única sessão de tratamento”, acrescentou.
Desde que a ASTRO atualizou suas diretrizes pela última vez em 2017, vários grandes ensaios demonstraram os benefícios de técnicas avançadas de radiação – radioterapia de intensidade modulada (IMRT) e radioterapia corporal estereotática (SBRT) – para administrar uma dose de radiação escalonada e altamente direcionada para certos pacientes com lesões ósseas ou lesões na coluna. As evidências destes ensaios clínicos foram incluídas numa revisão sistemática conduzida pela Agency for Healthcare Research and Quality (AHRQ) e financiada pelo Patient-Centered Outcomes Research Institute (PCORI). Esta revisão incluiu artigos publicados até janeiro de 2023, bem como os resultados do ensaio 0631 do Radiation Therapy Oncology Group (RTOG) publicados em abril de 2023.
A força-tarefa multidisciplinar de diretrizes incluiu radio-oncologistas, oncologistas clínicos, cirurgiões oncológicos, especialistas em cuidados paliativos e um representante dos pacientes. A diretriz foi desenvolvida em colaboração com a Sociedade Americana de Oncologia Clínica (ASCO) e a Sociedade de Tumores Musculosqueléticos.
Resultados
Com base em evidências de alta qualidade, a radioterapia é fortemente recomendada para controlar a dor e outros sintomas de metástases ósseas ou espinhais, com ou sem compressão da medula espinhal ou da cauda equina.
Para pacientes com metástases na coluna vertebral que causam compressão da medula espinhal ou da cauda equina, em vez de radiação isolada, a diretriz recomenda cirurgia e dexametasona combinados com radioterapia pós-operatória.
Para pacientes com metástases ósseas não espinhais que necessitam de cirurgia, o recomendado é a radioterapia pós-operatória.
A diretriz mantém os quatro esquemas de dosagem recomendados anteriormente para radioterapia convencional para tratar pacientes com metástases ósseas não espinhais previamente não irradiadas: uma fração única de 800 cGy; 2.000 cGy em cinco frações; 2.400 cGy em seis frações; ou 3.000 cGy em 10 frações. “Os pacientes experimentam alívio semelhante da dor e efeitos colaterais mínimos com cada uma dessas abordagens, e embora o retratamento seja mais comum após a radioterapia de fração única, a conveniência desta opção pode torná-la a escolha ideal para muitos pacientes, incluindo aqueles com expectativa de vida limitada”, observam os autores.
A diretriz também descreve esquemas de dosagem recomendados para pacientes com compressão da medula espinhal ou da cauda equina que não são elegíveis para cirurgia (800 cGy/1 fração, 1600 cGy/2 frações, 2000 cGy/5 frações ou 3000 cGy/10 frações).
Em pacientes com metástases ósseas da coluna vertebral reirradiadas com radioterapia convencional a recomendação é 800 cGy/1fx, 2.000 cGy/5fx, 2.400 cGy/6fx ou 2.000 cGy/8fx; em metástases ósseas não espinhais re-irradiadas com RT convencional são recomendadas 800 cGy/1fx, 2.000 cGy/5fx ou 2.400 cGy/6fx.
“Refletindo dados recentes de vários ensaios clínicos, a SBRT é condicionalmente recomendada em vez da radioterapia paliativa convencional para pacientes com bom performance status que não necessitam de cirurgia ou apresentam sintomas neurológicos”, observam os autores.
“A determinação de uma abordagem/regime de radioterapia ideal requer avaliação global do paciente, incluindo prognóstico, dose anterior de radioterapia (se aplicável), riscos para os tecidos normais, qualidade de vida, implicações de custos e objetivos e valores do paciente. Da mesma forma, para a otimização centrada no paciente das toxicidades relacionadas ao tratamento e da qualidade de vida, o recomendado é a tomada de decisão compartilhada”, concluem os autores.
Referência: Sara Alcorn, Ángel Artal Cortés, Lisa Bradfield, Divya Yerramilli, Sandra Zaky, Tracy Balboni et al - External Beam Radiation Therapy for Palliation of Symptomatic Bone Metastases: An ASTRO Clinical Practice Guideline - Published: May 22, 2024 DOI: https://doi.org/10.1016/j.prro.2024.04.018