O câncer colorretal (CRC) é a segunda principal causa de morte por câncer nos Estados Unidos, onde evidências indicam que o rastreamento do CRC pode reduzir a incidência e a mortalidade, mas permanece subutilizado, especialmente entre grupos minoritários e populações de baixa renda. A adoção de estratégias de fácil implementação por centros comunitários de saúde aumentou as taxas de rastreio entre grupos vulneráveis.

Nos EUA, Pesquisa Nacional de Entrevistas de Saúde realizada em 2021 mostrou que a taxa de rastreamento foi de 58% entre indivíduos de 45 a 75 anos de idade, com diferenças sociodemográficas marcantes. A participação na triagem de CRC  foi menor para adultos mais jovens versus adultos mais velhos e para indivíduos indígenas americanos/nativos do Alasca, hispânicos/latinos e asiáticos versus brancos não-hispânicos. Os dados nacionais também mostram que indivíduos de baixa renda e aqueles sem seguro privado ou Medicare têm as mais baixas taxas de rastreio de CRC, fortemente afetadas pela pandemia da COVID-19.

Neste estudo pragmático, os pesquisadores utilizaram um desenho randomizado  e nove centros comunitários de saúde foram randomizados para a intervenção e 16 centros foram randomizadas para cuidados habituais. Os pacientes participantes receberam  cartas-convite para testes imunoquímicos fecais (FITs) enviados pelo correio e lembretes por telefone/mensagens de texto. O impacto da intervenção no ano 1, que ocorreu durante a pandemia de COVID-19 foi avaliado, considerando a proporção que completou a triagem entre indivíduos não atualizados no início do estudo, comparando os centros de intervenção e não-intervenção.

Entre os 26.736 pacientes que preencheram os critérios de elegibilidade, aproximadamente 58% eram mulheres, 55% eram hispânicos e 44% falavam espanhol. A proporção que concluiu a triagem foi 11,5 % maior nos centros de intervenção versus aqueles de cuidados habituais. A variação nas diferenças entre os grupos de intervenção e de cuidados habituais foi observada por sexo (12,6 % para mulheres; 8,8% para homens) e por grupos raciais e étnicos (13,8 % para indivíduos hispânicos; 13,0 % para asiáticos; 11,3 % para brancos não hispânicos; 6,1% para indivíduos negros).

Esses resultados mostram que uma intervenção FIT regional enviada pelo correio foi eficaz para aumentar as taxas de rastreamento do câncer colorretal nos centros de saúde comunitária que servem populações diversas e de baixa renda. “Até onde sabemos, estes estão entre os primeiros resultados de ensaios demonstrando que a divulgação do FIT por correio pode ser uma intervenção robusta para aumentar a participação no rastreio do CRC em uma emergência de saúde pública”, destacam os autores.

A íntegra do estudo está disponível na Cancer em acesso aberto.

Referências:

First published: 25 May 2024
https://doi.org/10.1002/cncr.35369