Pesquisadores do Melvin and Bren Simon Comprehensive Cancer Center da Universidade de Indiana concluíram o mapeamento mais extenso de células mamárias saudáveis realizado até hoje. Publicado na Nature Medicine, o estudo oferece uma ferramenta importante para pesquisadores, com achados que ajudam a compreender como o câncer de mama se desenvolve, além de revelar diferenças no tecido mamário entre ancestralidades genéticas.
A pesquisa usou tecido mamário saudável de mulheres de diversas ascendências e explorou detalhes sobre como o genoma é organizado em cada tipo de célula, além de analisar os efeitos dessa organização genômica sobre como o RNA, constituindo um atlas abrangente de células do tecido mamário. "O câncer de mama mostra variabilidade no resultado com base em sua ancestralidade genética", disse Harikrishna Nakshatri, autor sênior do estudo. "Embora a socioeconomia seja certamente um fator contribuinte, acreditamos que a biologia e a ancestralidade também desempenham papel importante. Este estudo nos ajudará a conhecer melhor esse aspecto biológico e ancestral", explica o pesquisador.
O laboratório de Nakshatri sequenciou 88.000 núcleos de células de 92 mulheres que doaram tecido mamário saudável para o Komen Tissue Bank no IU Simon Comprehensive Cancer Center. As doadoras incluíam mulheres de ascendência africana, europeia, indígena americana, hispânica, leste-asiática, sudeste-asiática e asquenazi-judaica-europeia.
O mapeamento de células considerou não apenas dados sobre os genes expressos em vários tipos de células, mas também informações sobre a organização desses genes em cada tipo celular e expressões genéticas específicas. "Esta pesquisa teve como objetivo entender os blocos de construção da mama normal — ou seja, quantos tipos diferentes de células existem na mama normal e se os blocos de construção das células mostram variabilidade dependente da ancestralidade genética", disse Nakshatri. Esse conhecimento pode melhorar a compreensão do desenvolvimento do câncer de mama e levar à identificação de novos alvos de tratamento. “Não podemos realmente descobrir o que exatamente está errado no câncer de mama em comparação com a mama normal, a menos que saibamos de quais células da mama o câncer se origina”, analisa.
Como o único banco de tecido mamário saudável do mundo, o Komen Tissue Bank oferece aos pesquisadores uma oportunidade única para este estudo. “Estamos usando tecido de mulheres clinicamente livres de câncer de mama e, por esse motivo, acreditamos que os dados que criamos são quase perfeitos — realmente o mais próximo que você pode chegar”, disse o líder da pesquisa. “Os dados que geramos a partir desse trabalho permanecerão perpetuamente, porque serão usados por muitos e muitos grupos para pesquisas futuras”, destacou Nakshatri.
Esta pesquisa é o resultado de quase cinco anos de trabalho com análises bioinformáticas.
Referência:
Bhat-Nakshatri, P., Gao, H., Khatpe, A.S. et al. Single-nucleus chromatin accessibility and transcriptomic map of breast tissues of women of diverse genetic ancestry. Nat Med (2024). https://doi.org/10.1038/s41591-024-03011-9