Estudo realizado por pesquisadores do Instituto Nacional do Câncer (INCA) buscou identificar fatores associados ao atraso no início da terapia adjuvante e o impacto desse atraso no prognóstico de pacientes com câncer de mama não metastático. Os resultados foram publicados no periódico Journal of Evaluation in Clinical Practice, em artigo que tem o médico epidemiologista Luiz Claudio Santos Thuler (foto) como autor sênior.

Envolvendo pacientes com câncer de mama atendidos no INCA, esse estudo de coorte prospectivo considerou como atraso o intervalo de tempo ≥60 dias entre a cirurgia e o início do primeiro tratamento adjuvante. Os fatores associados ao atraso foram avaliados por meio de análise de regressão logística e os efeitos prognósticos foram avaliados por análise de regressão de Cox.

Os resultados demonstraram que a mediana do intervalo de tempo entre a cirurgia e o primeiro tratamento adjuvante para as 401 mulheres incluídas nesse estudo foi de 57,0 dias (37,0-93,0). Os fatores independentes associados ao atraso foram ausência da superexpressão da proteína HER2, não ter sido submetido a quimioterapia neoadjuvante e não ter sido submetido a hormonioterapia como primeiro tratamento adjuvante.

Os atrasos não afetaram os riscos de recorrência, de desenvolver metástases à distância ou de morte. Os fatores associados ao risco de recorrência e metástase à distância incluíram estadiamento clínico ≥2B, ter sido submetido a quimioterapia neoadjuvante, apresentar tumores com subtipo molecular luminal B ou triplo-negativo e ter filhos. Os fatores associados ao óbito incluíram tumores triplo-negativos e quimioterapia neoadjuvante.

“Atrasos no início do tratamento adjuvante não afetaram o prognóstico de pacientes com câncer de mama não metastático. Por outro lado, fatores clínicos e relacionados ao tratamento foram associados ao atraso e risco de recorrência, metástases à distância e morte”, concluíram os autores.

Além de Thuler, participam do estudo os pesquisadores do INCA Maria A C Veiga, Giselle C Medeiros, Suzana S de Aguiar e Anke Bergmann.

Referência:

Veiga MAC, Medeiros GC, Aguiar SS, Bergmann A, Thuler LCS. Factors delaying non-metastatic breast cancer adjuvant therapy and impact on prognosis in a cohort of Brazilian women. J Eval Clin Pract. 2024; 1-12. doi:10.1111/jep.14040