Estudo publicado na Science mostrou como pesquisadores australianos da South Australian Health and Medical Research Institute e da Universidade de Adelaide projetaram uma bactéria capaz de detectar mutações de DNA liberadas por células de câncer colorretal. A descoberta tem participação de uma equipe internacional e abre as portas para uma detecção mais rápida do câncer de intestino.
Crédito: Engineered bacteria detect tumor DNA.Science381,682-686(2023).DOI:10.1126/science.adf3974
Neste estudo, Cooper et al. tiraram proveito de uma propriedade das bactérias Acinetobacter baylyi, (A. baylyi) - conhecida por sua capacidade de capturar o DNA de seu ambiente - para detectar um gene KRAS mutante que leva ao câncer colorretal. Utilizando uma tecnologia apelidada de CATCH (que significa, Cellular Assay of Targeted CRISPR-discriminated Horizontal gene transfer), os pesquisadores manipularam essas bactérias para se tornarem resistentes a uma droga específica somente quando pegaram o DNA contendo a mutação associada ao câncer em um oncogene específico, mas não sua contraparte do tipo selvagem.
Resultados em modelos pré-clinicos mostram que as bactérias modificadas foram capazes de detectar seu alvo tanto em cultura quanto em camundongos portadores de tumores com a mutação relevante depois de entregue por enema retal, sugerindo potencial aplicação clínica. “Observamos a transferência horizontal de genes do tumor para a bactéria sensora em nosso modelo de câncer colorretal, que foi 100% eficaz na diferenciação entre modelos com e sem câncer de intestino”, explicou a equipe, liderada pelos pesquisadores Dan Worthley, Susan Woods (Universidade de Adelaide) e Josephine Wright (Universidade da California).
“Este ensaio celular para transferência horizontal de genes mostrou que a tecnologia CATCH permite a biodetecção de DNA específico e demonstra como as bactérias podem ser projetadas para detectar sequências específicas de DNA para diagnosticar doenças em locais de difícil acesso”, acrescentou Worthley, gastroenterologista da Colonoscopy Clinic em Brisbane, Australia. "No futuro, seremos capazes de detectar e prevenir muitas doenças, incluindo o câncer de intestino, com células, não com drogas", acrescentou.
De acordo com o Cancer Council, o câncer de intestino é o quarto tipo de câncer mais e diagnosticado na Austrália. Estima-se que um em cada 19 australianos será diagnosticado com câncer de intestino aos 85 anos e em 2020 foi responsável por 5.354 mortes.
Referência: Robert M. Cooper et al.
Engineered bacteria detect tumor DNA.Science381,682-686(2023).DOI:10.1126/science.adf3974