Karoline Brito Andrade Coelho (foto), pesquisadora do laboratório de uro-oncologia da Faculdade de Medicina da USP de Ribeirão Preto, é primeira autora de mini-revisão publicada na Frontiers in Oncology , em trabalho que descreve os painéis existentes de mRNAs que atuam como biomarcadores no câncer de bexiga, com foco especial no câncer de bexiga sem invasão muscular.
O câncer de bexiga é o segundo tipo mais comum de câncer do sistema urinário e a décima terceira causa mais comum de morte por câncer no mundo. Aproximadamente 75% dos casos são câncer de bexiga sem invasão muscular (NMIBC, na sigla em inglês), que tem alta taxa de recorrência e progressão.
Nesta revisão, os autores apontam os desafios dos atuais métodos de diagnóstico e vigilância, incluindo riscos para os pacientes, o que reforça a necessidade de biomarcadores urinários propostos como alternativas a esses métodos.
A partir de uma busca sistemática nas bases de dados da Pubmed (com os descritores “biomarcadores” and “câncer de bexiga” and “urina” and “RNA” and “não muscular”), Karoline e colegas identificaram 11 pesquisas originais com biomarcadores urinários baseados em mRNA. “Embora haja uma grande variedade de biomarcadores descritos, as coortes dos estudos não eram exclusivamente NMIBC, que é o subtipo de câncer de bexiga que mais se beneficiaria da introdução de um bom biomarcador de acompanhamento, destacando a necessidade de ensaios intervencionistas randomizados para NMIBC”, analisam os autores.
Apenas três estudos incluíram coortes exclusivamente de NMIBC. Apesar das dificuldades para uma revisão mais abrangente, o trabalho descreve biomarcadores disponíveis na literatura atual para ambos os tipos de câncer de bexiga, reforçando a necessidade de validação e de novos estudos para pacientes com tumores NMIBC.
A revisão destaca, ainda, que a urina é a amostra biológica mais confiável e não invasiva de biomarcadores no câncer de bexiga e em outras malignidades urológicas, considerando que a massa tumoral está em contato próximo e direto com a urina.
“O NMIBC tem um alto risco de recorrência e progressão para doença invasiva muscular, exigindo acompanhamento com cistoscopias repetidas, que são invasivas e caras. Esta é a principal razão para a extensa pesquisa para encontrar novos biomarcadores e melhorar aqueles que já estão descritos”, destaca a revisão.
Referência:
Front. Oncol., 08 August 2024
Sec. Molecular and Cellular Oncology
Volume 14 - 2024 | https://doi.org/10.3389/fonc.2024.1441883