Onconews - Disparidades na expectativa de vida global: o impacto do câncer feminino

Pesquisa publicada no Journal of the National Cancer Institute destaca a importância de aumentar a disponibilidade e o acesso à prevenção, triagem, diagnóstico oportuno e tratamento eficaz para reduzir o impacto do câncer feminino na mortalidade prematura desproporcionalmente maior por câncer entre as mulheres.

As mulheres vivem mais que os homens, o que resulta em uma diferença de sexo na expectativa de vida. No entanto, a contribuição de mortes por câncer pode ter impacto nas tendências globais de expectativa de vida. Neste estudo, pesquisadores analisaram a contribuição dos cânceres femininos para esse diferencial por região e país do mundo de 1990 a 2019, com foco especial na faixa etária de 15 a 69 anos.

Dados de mortalidade por causa específica foram relacionados para 30 cânceres, incluindo quatro cânceres específicos de mulheres, compreendendo 238 países e territórios, recuperados do Global Burden of Disease Study 2019. Usando técnicas de tábua de vida e análise de decomposição demográfica, a pesquisa estimou a contribuição das mortes por câncer para a diferença de sexo na expectativa de vida por idade e período do calendário.

Os resultados mostram que as mulheres na faixa etária de 15 a 69 anos tinham uma expectativa de vida maior que os homens em 2019. Os autores descrevem que os países com as maiores diferenças de sexo ou maior vantagem feminina na expectativa de vida estavam na Europa Oriental e Norte da Ásia, América Latina e África do Sul. Em contraste, os países com as menores diferenças de sexo estavam localizados principalmente no Norte da África, América do Norte e Norte da Europa. “A contribuição dos cânceres específicos de mulheres para as lacunas de sexo na expectativa de vida foi amplamente negativa, variando de -0,15 anos no Pacífico Ocidental a -0,26 anos na Região do Mediterrâneo Oriental, o que implica que a mortalidade prematura desproporcionalmente maior por câncer entre mulheres contribuiu para uma redução na vantagem da expectativa de vida feminina”, analisam.

Em síntese, o estudo conclui que os cânceres específicos de mulheres são determinantes importantes das lacunas de sexo na expectativa de vida. “Seu impacto negativo na expectativa de vida em grupos de idade produtiva e reprodutiva tem consequências de longo alcance para a sociedade. Aumentar a disponibilidade e o acesso à prevenção, triagem, diagnóstico oportuno e tratamento eficaz pode reduzir essa lacuna”, destaca a publicação.

Referência:

Sergi Trias-Llimós, Elisenda Rentería, Roberta Rutigliano, Ajay Aggarwal, Jennifer Moodley, Karla Unger-Saldaña, Isabelle Soerjomataram, Deciphering the Sex gap in global life expectancy: the impact of female-specific cancers 1990–2019, JNCI: Journal of the National Cancer Institute, 2024;, djae191, https://doi.org/10.1093/jnci/djae191