Estudo que avaliou o papel da biópsia assistida por vácuo (VAB) na ressecção do câncer de mama publicou resultados na Frontiers in Oncology, em artigo que tem como primeira autora a mastologista Carolina Nazareth Valadares (foto), da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
Nesta análise retrospectiva foram selecionados dados de 116 pacientes submetidas a VAB para diagnóstico de lesões mamárias suspeitas de câncer de mama, com confirmação histológica de neoplasia (cânceres de mama invasivos - CI - e /ou carcinoma ductal in situ - CDIS). Após o diagnóstico, todas as pacientes foram submetidas a tratamento cirúrgico padrão e os dados histológicos completos da VAB e da cirurgia foram comparados. A excisão após VAB foi definida como ressecção completa (RC) na ausência de tumor residual na peça cirúrgica, doença residual mínima (DRM) se tumor residual ≤ 3 mm, doença residual grosseira (DRG) se tumor residual > 3 mm e upgrade em caso de DCIS na VAB e carcinoma invasivo na peça cirúrgica.
Os autores descrevem que RC e MRD foram considerados potencialmente ressecados por via percutânea (PRP). GRD e aqueles atualizados como câncer de mama invasivo foram considerados não elegíveis para ressecção percutânea (NPR). Foram avaliados fatores preditivos de PRP.
A média de idade foi de 55,6 anos (20–91; DP: 12,27). A análise mostra que a resposta completa foi observada em 29 de 116 casos (25%), MRD em 18 de 116 casos (15,5%), GRD em 64 de 116 casos (55,2%) e cinco de 116 casos (4,3%) foram atualizados de CDIS para CI, e esses grupos combinados representaram 47 casos de PRP (40,5%) e 69 (59,5%) de NPR. Para 77 tumores ≤ 10 mm, 45 (58,5%) foram PRP. A análise multivariada revela significância para VAB aumentado (EVAB) (p = 0,008, OR: 4,4, IC 95%), grau nuclear baixo/intermediário (p < 0,001, OR: 12,5, IC 95%) e tamanho final do tumor (T) ≤ 10 mm (p = 0,001, OR: 50,1, IC 95%) para PRP.
Este estudo mostrou que lesões completamente excisadas com VAB que eram câncer poderiam ter sido tratadas com VAB em vez de cirurgia, mas destacou a importância da seleção do tumor em termos de subtipo e tamanho.
Em 2020, o câncer de mama foi o câncer feminino mais diagnosticado, com uma estimativa de 2,3 milhões de novos casos (11,7%) no mundo.
Referência: Front. Oncol., 21 September 2023. Sec. Breast Cancer. Volume 13 - 2023 | https://doi.org/10.3389/fonc.2023.1239574