Onconews - CADONOT: revisão compara abordagem axilar na cirurgia do câncer de mama

A biópsia do linfonodo sentinela é segura e deve ser considerada como alternativa à dissecção do linfonodo axilar, oferecendo a mesma eficácia em pacientes com câncer de mama T1-T3 e 1-2 linfonodos positivos, conclui revisão de André Mattar (foto) e colegas, publicada na The Breast.  O estudo mostra que a biópsia do linfonodo sentinela reduz o risco de linfedema em 65% em relação à dissecção do linfonodo axilar, mas as taxas de sobrevida e recorrência são comparáveis em 5, 8 e 10 anos de acompanhamento​.​

A biópsia do linfonodo sentinela (SLNB) é o padrão ouro para a avaliação axilar do câncer de mama inicial clinicamente negativo para linfonodos. O estudo ACOSOG Z0011 demonstrou que é seguro omitir a dissecção axilar para doença SLNB limitada, com outros ensaios confirmando SLNB sozinha ou com radioterapia axilar (RA) como não inferior.

Mattar e colegas revisaram ensaios clínicos randomizados (2010–2024), a partir das principais bases de dados (Medline, Embase e Cochrane). O estudo buscou comparar a dissecção do linfonodo axilar (ALND) vs. biópsia do linfonodo sentinela (SLNB) com ou sem radioterapia axilar no câncer de mama cT1-T3 com 1–2 metástases de SLNs. A sobrevida global (SG), sobrevida livre de doença (SLD) e taxas de recorrência em 5, 8 e 10 anos foram analisados, assim como a ocorrência de linfedema.

Treze artigos e sete ensaios clínicos randomizados (RCTs) foram incluídos, abrangendo 7.338 mulheres com acompanhamento de 2,8 a 10 anos. Os resultados mostram que SLNB foi associada a um risco 65% menor de linfedema do que ALND, sem diferenças significativas nas taxas de SG, SLD ou recorrência em 5, 8 ou 10 anos. “A meta-análise comparando micrometástase e macrometástase não mostrou impacto nos resultados, indicando que ALND pode ser desnecessária em ambos os casos. As taxas de recorrência também não diferiram entre SLNB e ALND, reforçando o risco significativamente menor de linfedema na SLNB”, concluem os autores.

Em síntese, Mattar e colegas destacam que essa revisão sistemática e meta-análise apoiam SLNB como alternativa segura e eficaz para ALND no câncer de mama inicial com 1-2 SLNs positivos, fornecendo resultados comparáveis ​​de sobrevida e recorrência, com menos complicações.

Além de André Mattar, médico do Grupo Oncoclínicas, SP,  e do Hospital da Mulher,  o trabalho tem a participação dos pesquisadores Marcelo Antonini (Hospital do Servidor Público Estadual Francisco Morato de Oliveira, SP), Francisco Pimentel Cavalcante (Hospital Geral de Fortaleza, CE), Felipe Zerwes (PUC Rio Grande do Sul, RS, Oncoclínicas RS), Eduardo de Camargo Millen (Americas Oncologia, RJ), Fabrício Palermo Brenelli (Unicamp), Antônio Luiz Frasson (Hospital Israelita Albert Einstein, SP), Patrícia Carvalho Baruel, Lucas Miyake Okumura, Leonardo Ribeiro Soares (Universidade Federal de Goiás), Marcelo Madeira (Faculdade de Medicina do Hospital Albert Einstein, SP), Marina Diógenes Teixeira (Hospital da Mulher, SP) Andressa Gonçalves Amorim (Hospital da Mulher, SP), Larissa Chrispim de Oliveira (Hospital da Mulher, SP), Marcellus do Nascimento Moreira Ramos (Hospital da Mulher, SP), Gil Facina (Unifesp), Ruffo de Freitas Junior (Universidade Federal de Goiás), Henrique Lima Couto (Redimama-Redimasto, BH), Sabrina Monteiro Rondelo (Hospital da Mulher, SP), Renata Montarroyos Leite (Oncoclínicas, Sergipe), Renata Arakelian (Hospital da Mulher, SP, e Dasa Oncologia, SP), Luiz Henrique Gebrim (Beneficência Portuguesa de São Paulo) e Juliana Monte Real (IAMSPE, SP).

A íntegra do estudo está disponível em acesso aberto.

Referência:

CADONOT: Comparing Axillary Dissection Or Not in Breast Cancer Surgery. Mattar, André et al. The Breast