Onconews - Câncer de ovário: como frear a recorrência

C__ncer_Ov__rio.jpgPesquisadores da Universidade da Califórnia publicaram na Nature os resultados do estudo que investiga a recorrência do câncer de ovário seroso de alto grau. As células tumorais que não expressam a proteína CA 125 têm capacidade aumentada para intervir nos genes de reparo do DNA e resistir a apoptose, ativando a recorrência pós-quimioterapia com carboplatina. 

“O trabalho é muito relevante na medida em que demonstra uma nova hipótese para o desenvolvimento de resistência às platinas, particularmente a carboplatina, uma droga fundamental para o tratamento do câncer de ovário”, afirmou a coordenadora da oncologia clínica do ICESP, Maria Del Pilar Estevez Diz.

O estudo demonstrou que um medicamento experimental, a droga birinapant, sensibiliza as células CA125-negativo para a quimioterapia, restaurando a apoptose. A combinação de quimioterapia e birinapant melhorou significativamente a sobrevida livre de doença em modelos laboratoriais de câncer de ovário humano em comparação ao uso da quimioterapia isoladamente. Isto sugere que a segmentação das células CA125-negativo pode melhorar os resultados nos casos de câncer seroso de alto grau, o subtipo mais comum de câncer de ovário.

“Essa droga já está sendo testada em humanos, com dados ainda experimentais, mas o racional para seu uso é forte. Os resultados em camundongos são consistentes e positivos e esperamos que se mostre efetiva também nesse cenário de pacientes com carcinoma seroso de ovário resistente a platinas”, acrescentou.
 
“É essa capacidade regenerativa e sua resistência à carboplatina que tornam essas células tão perigosas, disse Deanna Janzen, primeira autora e pesquisadora sênior da UCLA.
 
O trabalho de Janzen et al foi apresentado este ano na conferência anual da American Association for Cancer Research e a alternativa ao tratamento convencional atraiu a atenção, considerando que de 80% a 85% dos pacientes com câncer de ovário seroso apresentam recidiva da doença,  apesar da terapêutica padrão.
 
O estudo fornece evidências de que células CA125-negativo têm propriedades que as tornam inerentemente resistentes à platina, o que pode explicar por que esse tipo de câncer reaparece com frequência após a quimioterapia de primeira linha à base de platina de primeira linha.
 
Segundo Pilar, o carcinoma seroso de ovário pode ser detectado incialmente no ovário, na tuba uterina ou no peritônio, mas hoje acredita-se que sua origem é de fato na tuba uterina, com células CA125 negativa. “Como o CA125 é liberado na corrente sanguínea, tumores muito pequenos têm pouca expressão. Por não liberar grandes quantidades da proteína CA125 na circulação, os exames de sangue são normais. Isso pode justificar o diagnóstico do carcinoma seroso de ovário num estádio mais avançado”, explica.
 
Referências: An apoptosis-enhancing drug overcomes platinum resistance in a tumour-initiating subpopulation of ovarian cancer