Pacientes com carcinoma de células renais avançado que receberam a combinação de inibidores de checkpoint nivolumabe e ipilimumabe experimentaram sobrevida livre de tratamento (TFS) mais longa em um período de 42 meses em comparação com os pacientes que receberam a terapia-alvo sunitinibe, independentemente do grupo de risco pelo International Metastatic Renal Cell Carcinoma Database Consortium (IMDC). Os resultados são de análise do ensaio clínico CheckMate-214 publicada no periódico Clinical Cancer Research, em artigo que utiliza o novo resultado de TFS como endpoint para incorporar a qualidade do tempo de sobrevida e melhor informar a tomada de decisão clínica.
A sobrevida livre de tratamento (TFS), conforme definido pela autora do estudo Meredith Regan, professora associada da Harvard Medical School e do Dana-Farber Cancer Institute, é o tempo entre o término da terapia atribuída ao protocolo e o início de uma terapia subsequente ou morte, para todo o coorte do estudo.
“Um dos grandes desafios na realização de ensaios clínicos é que alguns dos desfechos que utilizamos para mensurar a eficácia e o valor de um tratamento não são ideais, especialmente ao avaliar regimes de terapia baseados em imuno-oncologia”, disse Regan. “À medida que continuamos a desenvolver novos tratamentos, temos a oportunidade de pensar em novos métodos para equilibrar melhor a eficácia e a toxicidade para os pacientes”, acrescentou.
Neste estudo, os pesquisadores avaliaram a sobrevida livre de tratamento (TFS), com e sem toxicidade, em pacientes do estudo randomizado de Fase III CheckMate-214, que avaliou nivolumabe mais ipilimumabe (n = 550) versus sunitinibe (n = 546) em pacientes com carcinoma de células renais avançado virgens de tratamento (aRCC). A TFS foi estimada pelos tempos médios restritos de 42 meses definidos pela área entre as curvas de Kaplan-Meier para dois desfechos de tempo até os eventos definidos a partir da randomização: tempo para a interrupção da terapia do protocolo e tempo para o início da terapia sistêmica subsequente ou morte. O TFS foi subdividido em TFS com e sem toxicidade por meio da contagem de dias com eventos adversos relacionados ao tratamento (TRAE) graus ≥1 e ≥3.
Resultados
Aos 42 meses desde a randomização, 52% dos pacientes de risco intermediário/alto do grupo nivo mais ipi e 39% do grupo sunitinibe estavam vivos; 18% e 5% sobrevivendo sem tratamento, respectivamente. Entre os pacientes de baixo risco, 70% e 73% dos pacientes com nivolumabe mais ipilimumabe e sunitinibe estavam vivos; 20% e 9% sem tratamento.
Durante o período de 42 meses, a mediana de TFS foi duas vezes mais longa após nivolumabe mais ipilimumabe em comparação com sunitinibe para risco intermediário/alto (6,9 contra 3,1 meses) e três vezes mais longa para pacientes de baixo favorável (11,0 contra 3,7 meses). A mediana de TFS com TRAEs de grau ≥3 foi uma pequena proporção de tempo para ambos os tratamentos (0,6 vs. 0,3 meses após nivolumabe mais ipilimumabe vs. sunitinibe para risco intermediário/alto e 0,9 vs. 0,3 meses para pacientes de baixo risco).
Em conclusão, pacientes que iniciaram nivolumabe + ipilimumabe como primeira linha de tratamento do carcinoma de células renais avançado permaneceram mais tempo de sobrevida livre de tratamento sem toxicidade em comparação com pacientes em uso de sunitinibe, independentemente do grupo de risco.
“Notavelmente, enquanto a sobrevida global foi semelhante com nivolumabe + ipilimumabe e sunitinibe em pacientes com baixo risco, a análise de TFS revelou uma diferença em como esse tempo foi gasto entre os dois tratamentos: aos 42 meses, 20% dos pacientes tratados com nivo + ipi e 9% dos pacientes tratados com sunitinibe estavam sem tratamento. No geral, os pacientes com baixo risco que receberam sunitinibe passaram mais tempo na terapia de protocolo e apresentaram TRAEs moderados por mais tempo do que os pacientes que receberam nivo+ipi”, observaram os autores.
Referência: Treatment-free Survival after Immune Checkpoint Inhibitor Therapy versus Targeted Therapy for Advanced Renal Cell Carcinoma: 42-Month Results of the CheckMate 214 Trial - Meredith M. Regan, Opeyemi A. Jegede, Charlene M. Mantia, Thomas Powles, Lillian Werner, Robert J. Motzer, Nizar M. Tannir, Chung-Han Lee, Yoshihiko Tomita, Martin H. Voss, Elizabeth R. Plimack, Toni K. Choueiri, Brian I. Rini, Hans J. Hammers, Bernard Escudier, Laurence Albiges, Stephen Huo, Viviana Del Tejo, Brian Stwalley, Michael B. Atkins and David F. McDermott - Clin Cancer Res November 10 2021 DOI: 10.1158/1078-0432.CCR-21-2283