O episódio da fosfoetanolamina ganhou as páginas da Nature. Em editorial publicado no dia 24 de novembro, a Nature descreve o “debate furioso” travado no Brasil, que coloca a USP, a maior universidade do país, contra centenas de pacientes que querem ter acesso à substância. O composto jamais demonstrou um único dado de desfecho clínico e ilustra um cenário de desinformação que agora ganha as páginas de um dos mais respeitados periódicos científicos internacionais.
Imagem: Cecília Bastos/Usp Imagem
A Nature descreve com preocupação a existência de relatos de pacientes que abandonam o tratamento médico prescrito para perseguir a cura do câncer apregoada pela cápsula branca e azul ‘fabricada’ no Instituto de Química da USP, em São Carlos, e lembra que “a triste verdade é que é pouco provável que a droga seja um milagre”.
E enquanto o mundo científico se esforça para compreender como a fosfoetanolamina chegou ao uso humano a partir dos muros de uma universidade pública - “que não é um laboratório, nem uma planta farmacêutica e, portanto, não segue boas práticas de fabricação”, surpreende saber que não houve supervisão alguma, nem sob a perspectiva ética, menos ainda sob a ótica da regulação.
Leia a íntegra do editorial aqui.
Referência: Drugs on demand - Controversy in Brazil over access to a purported cancer cure could set a harmful precedent.
Nature 527, 410 (26 November 2015)
doi:10.1038/527410b