A agência norte-americana Food and Drug Administration (FDA) acatou o pedido de revisão prioritária de osimertinibe (Tagrisso®, AstraZeneca) em combinação com quimioterapia (QT), no tratamento de pacientes adultos com câncer de pulmão de células não pequenas (CPCNP) com mutação do receptor do fator de crescimento epidérmico mutado (EGFRm) localmente avançado ou metastático. A decisão é baseada nos resultados do ensaio de Fase III FLAURA2, que estendeu a mediana de sobrevida livre de progressão em quase 9 meses comparada ao tratamento padrão.
Os resultados do FLAURA 2 foram destacados na Conferência Mundial sobre Câncer de Pulmão (WCLC 2023), promovida pela Associação Internacional para o Estudo do Câncer de Pulmão (IASLC). FLAURA2 é um ensaio clínico randomizado, aberto, multicêntrico e global de Fase III no tratamento de 1ª linha de pacientes com CPCNP EGFRm localmente avançado (Estágio IIIB-IIIC) ou metastático (Estágio IV). Os pacientes foram tratados com osimertinibe 80 mg uma vez ao dia em combinação com quimioterapia (pemetrexede (500 mg/m2) mais cisplatina (75 mg/m2) ou carboplatina (AUC5) a cada três semanas por quatro ciclos, seguido de osimertinibe com manutenção com pemetrexede a cada três semanas.
Neste ensaio de Fase III, osimertinibe em combinação com quimioterapia (QT) reduziu o risco de progressão da doença ou morte em 38% em comparação com a monoterapia com osimertinibe, o padrão global de tratamento de 1ª linha (com base numa razão de risco [HR] de 0,62; intervalo de confiança de 95% [IC] 0,49-0,79; p<0,0001). Pela avaliação do investigador, a combinação prolongou a mediana de SLP em 8,8 meses versus osimertinibe isoladamente. Os resultados de SLP na análise da revisão central independente e cega foram consistentes, mostrando que osimertinibe mais quimioterapia estendeu a mediana de SLP em 9,5 meses (com base em HR de 0,62; IC 95% 0,48-0,80; p=0,0002).
O benefício de SLP foi clínica e estatisticamente significativo e evidenciado em todos os subgrupos pré-especificados, incluindo pacientes com metástases no sistema nervoso central. Neste grupo, a combinação reduziu o risco de progressão da doença ou morte em 53% em comparação com a monoterapia com osimertinibe (com HR de 0,47; IC 95% 0,33-0,66), prolongando a SLP mediana em 11,1 meses versus osimertinibe isoladamente.
O perfil de segurança de osimertinibe mais quimioterapia foi geralmente controlável e consistente com os perfis estabelecidos para cada medicamento.
Com base nesses resultados, o pedido suplementar de novo medicamento (sNDA) foi aceito em revisão prioritária, considerando osimertinibe em combinação com quimioterapia. A Food and Drug Administration (FDA) concede revisão prioritária a pedidos de medicamentos que, se aprovados, oferecem melhorias significativas em relação às opções disponíveis, demonstrando benefício de eficácia e segurança, prevenindo condições graves ou melhorando a adesão do paciente. A decisão regulatória da FDA está prevista para o primeiro trimestre de 2024.
A cada ano, estimativas indicam que 2,2 milhões de pessoas são diagnosticadas com câncer de pulmão em todo o mundo, com 80-85% dos pacientes diagnosticados com CPCNP, a forma mais comum de câncer de pulmão. Aproximadamente 70% das pessoas são diagnosticadas com CPCNPC avançado. Além disso, cerca de 10-15% dos pacientes com CPCNP nos EUA e na Europa, e 30-40% dos pacientes na Ásia têm CPCNP com mutação EGFR.
No Brasil, estudo que analisou em um cenário do mundo real a maior coorte de pacientes com CPCNP já relatada, com 7.413 amostras testadas, a taxa média de detecção positiva de mutações no EGFR foi de 24,2%.
Para Susan Galbraith, vice-presidente Executiva de Pesquisa e Desenvolvimento em Oncologia da AstraZeneca, os resultados do FLAURA2 reforçam osimertinibe (Tagrisso®) como a espinha dorsal do tratamento padrão no câncer de pulmão de células não pequenas com mutação de EGFR de primeira linha.