O Ministério da Saúde colocou em Consulta Pública a decisão de incorporar no Sistema Único de Saúde (SUS) a terapia-alvo ruxolitinibe para o tratamento de adultos com mielofibrose, nos subtipos primária, pós-policitemia vera ou pós-trombocitemia essencial. As contribuições para a consulta pública MS-SCTIE n° 04/20 podem ser enviadas até o dia 11 de março.
Em sua recomendação preliminar, a decisão dos membros do Plenário da CONITEC foi desfavorável à incorporação da terapia-alvo no SUS.
Com maior prevalência entre pessoas acima de 50 anos, a estimativa é que uma a cada 133 mil pessoas seja afetada pela mielofibrose1,2, tipo raro de câncer no sangue, desencadeado pelo mal funcionamento das células-tronco. A disfunção surge quando estas células sofrem uma mutação e formam uma fibrose na medula óssea, prejudicando a produção das células sanguíneas.
Atualmente, a maioria dos pacientes com mielofibrose são tratados com medicamentos citorredutores, responsáveis por diminuir a contagem das células do sangue. O tratamento, no entanto, é apenas paliativo. O ruxolitinibe é um inibidor do gene JAK2, presente em aproximadamente 50% dos casos da doença3,4.
Entre os principais sintomas da mielofibrose estão cansaço sem causa específica, fraqueza, anemia, palidez, suor noturno em excesso, palpitações, falta de ar, emagrecimento, perda de apetite, dor ou desconforto no abdômen e aumento do baço.5-6 Esses aspectos prejudicam bastante os pacientes que, raramente são elegíveis ao transplante de medula óssea, único tratamento curativo, o que reforça a necessidade de outras possibilidades terapêuticas.
A doença pode apresentar complicações graves, como hemorragias, tromboses, infecções e falência de órgãos, bem como evoluir para condições como a leucemia mieloide aguda, potencialmente fatal, e óbito.7-8-9-10
As contribuições podem ser enviadas até o dia 11 de março para a Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias Sanitárias (CONITEC), através de formulário eletrônico.
A petição foi realizada pela Associação Brasileira de Hematologia, Hemoterapia e Terapia Celular (ABHH).
Referências:
1 - McNally RJQ, Rowland D, Roman E, Cartwright RA. Age and sex distributions of hematological malignancies in the U.K. Hematol Oncol. 1997; 15:173--189.
2 - Girodon F, Bonicelli G, Schaeffer C, et al. Significant increase in the apparent incidence of essential thrombocythemia related to new WHO diagnostic criteria: a population-based study. Hematologica. 2009; 94(6):865-869.
3 - Leukemia & Lymphoma Foundation. Diagnosis. Disponível em: http://www.lls.org/myeloproliferative-neoplasms/myelofibrosis/diagnosis Acesso em julho de 2019.
4 - MPN Research Foundation. How is MF diagnosed? Disponível em: http://www.mpnresearchfoundation.org/Primary-Myelofibrosis Acesso em julho de 2019.
5 - Mayo Clinic. Myelofibrosis. Disponível em: www.mayoclinic.org/diseases-conditions/myelofibrosis/basics/symptoms/con-20027210. Acesso em julho de 2016.
6 - Site MedlinePlus. Disponível em: www.nlm.nih.gov/medlineplus/ency/article/000531.htm. Último acesso 4/1/2015.
7 - Mayo Clinic. Myelofibrosis -- overview. Disponível em: http://www.mayoclinic.org/diseases-conditions/myelofibrosis/home/ovc-20261141 Acesso em julho de 2019.
8 - Oncolink. All about myelofibrosis. Disponível em: http://www.oncolink.org/cancers/leukemia/myelofibrosis/all-about-myelofibrosis Acesso em julho de 2019.
9 - Leukemia & Lymphoma Society. Myelofibrosis. Disponível em: http://www.lls.org/myeloproliferative-neoplasms/myelofibrosis Acesso em julho de 2019.
10 - International Journal of General Medicine. Myelofibrosis-associated complications: pathogenesis, clinical manifestations, and effects on outcomes. Disponível em: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3912063/ Acesso em julho de 2019.