Onconews - Diretrizes para terapia adjuvante no CPNPC

Cruz_Marcelo_NOVA_NET_OK.jpgUm painel de especialistas da Sociedade Americana de Oncologia Clínica (ASCO) atualizou as diretrizes para a terapia adjuvante no câncer de pulmão não pequenas células ressecado. O guideline foi publicado no Journal of Clinical Oncology no dia 24 de abril. O oncologista Marcelo Cruz (foto) comenta para o Onconews.

Métodos
 
O painel de especialistas realizou uma revisão sistemática da literatura e incluiu a revisão sistemática do Cancer Care Ontario até janeiro de 2016, além das diretrizes da American Society for Radiation Oncology com recomendações previamente aprovadas pela ASCO para a radioterapia adjuvante.
 
Recomendações
 
A quimioterapia adjuvante à base de cisplatina é recomendada para uso de rotina em pacientes com estágio IIA, IIB ou IIIA que tenham sido submetidos a ressecções cirúrgicas completas. Para pacientes com estádio IB, a quimioterapia adjuvante à base de cisplatina não é recomendada para uso de rotina. No entanto, uma avaliação pós-operatória multidisciplinar, com a participação de um oncologista clínico, é recomendada para avaliar benefícios e riscos de quimioterapia adjuvante para cada paciente.
 
A diretriz fornece informações sobre fatores que devem ser considerados no estadiamento antes de optar pela quimioterapia adjuvante, incluindo tamanho do tumor, características histopatológicas e alterações genéticas. A quimioterapia adjuvante não é recomendada para pacientes com doença no estádio IA.
 
A radioterapia adjuvante não é recomendada em pacientes com doença de fase I ou II ressecada. Em pacientes com doença N2 estágio IIIA, a radioterapia adjuvante não é recomendada de forma rotineira. No entanto, uma avaliação multidisciplinar pós-operatória, incluindo uma consulta com um radio-oncologista, é recomendada para avaliar benefícios e riscos de radioterapia adjuvante para cada paciente com doença N2.

O oncologista Marcelo Cruz, 
Developmental Therapeutics Program, Division of Hematology/Oncology - Northwestern Universityexplica que nos últimos anos, nenhum novo estudo acrescentou benefícios no tratamento adjuvante do câncer de pulmão em estádio inicial. “Resultados com inibidores de tirosina cinase de primeira geração do EGFR no tratamento adjuvante foram negativos, biomarcadores não foram eficazes na seleção de pacientes para terapia adjuvante, e estudos com vacinas não mostram ganhos superiores aos esquemas baseados em cisplatina”, diz.

Segundo o especialista, a diretriz endossa o que já é corrente na prática clínica: terapia baseada em cisplatina é rotina para pacientes com estádio II-IIIA. “Para pacientes com estádio IB, deve-se individualizar a decisão de terapia de acordo com critérios histopatológicos. Para radioterapia adjuvante, também não houve alterações. De forma geral, a avaliação multidisciplinar é sempre fundamental no planejamento da terapia destes pacientes”, conclui.
 
Informações adicionais estão disponíveis, em acesso aberto.
 
Referência: Adjuvant Systemic Therapy and Adjuvant Radiation Therapy for Stage I to IIIA Completely Resected Non–Small-Cell Lung Cancers: American Society of Clinical Oncology/Cancer Care Ontario Clinical Practice Guideline UpdateMark G. Kris, Laurie E. Gaspar, Jamie E. Chaft, Erin B. Kennedy, Christopher G. Azzoli, Peter M. Ellis, Steven H. Lin, Harvey I. Pass, Rahul Seth, Frances A. Shepherd, David R. Spigel, John R. Strawn, Yee C. Ung  e Michael Weyant - DOI: 10.1200/JCO.2017.72.4401 - 
Journal of Clinical Oncology - published online before print April 24, 2017