A Sociedade Europeia de Oncologia Ginecológica, a Sociedade Europeia de Reprodução Humana e Embriologia e a Sociedade Europeia de Endoscopia Ginecológica desenvolveram diretrizes conjuntas e baseadas em evidências, com foco em aspectos-chave das estratégias de preservação da fertilidade e acompanhamento de pacientes com câncer cervical, câncer de ovário e tumores ovarianos limítrofes. Os resultados reforçam que a experiência multidisciplinar é fundamental para que os pacientes preservem o potencial de fertilidade durante e após o tratamento do câncer.
As diretrizes foram baseadas em uma revisão sistemática e avaliação crítica da literatura, envolvendo um grupo multidisciplinar internacional composto por 25 especialistas de disciplinas relevantes (ou seja, oncologia ginecológica, oncofertilidade, cirurgia reprodutiva, endoscopia, imagem, cirurgia conservadora, oncologia médica e histopatologia). Antes da publicação, as diretrizes foram revisadas por 121 profissionais independentes e representantes de pacientes, com o objetivo de apresentar de forma
abrangente os aspectos oncológicos das estratégias de preservação da fertilidade em diferentes cenários do câncer ginecológico.
Em publicação de Philippe Morice e colegas no Lancet Oncology, as atuais diretrizes de conduta lembram que a preservação da fertilidade surgiu nas últimas três décadas como uma questão importante no tratamento de cânceres adultos e pediátricos. “Durante os últimos 5 anos, várias diretrizes emitidas por sociedades renomadas (como a Sociedade Europeia de Oncologia Médica, a Sociedade Europeia de Reprodução Humana e Embriologia, o Consórcio PanCareLIFE e o Grupo Internacional de Harmonização de Diretrizes de Efeitos Tardios do Câncer Infantil) foram publicadas sobre os tópicos de preservação da fertilidade e tratamento do câncer, e se concentraram principalmente na organização geral de assistência médica para melhorar a fertilidade em pacientes adultos, crianças, adolescentes ou adultos jovens, e na preservação de gametas (ou seja, ovócitos, ovários e espermatozoides) e gonadotoxicidade de radioterapia ou medicamentos”, descrevem os autores.
Nesta atualização, as recomendações têm ênfase em três tópicos principais. Primeiro, apresenta uma análise das indicações do tratamento de preservação da fertilidade, incluindo cirurgias conservadoras, estágio por estágio e histotipo por histotipo, quando aplicável. O foco é em tumores ovarianos (ou seja, cânceres limítrofes, não epiteliais e epiteliais) e cânceres cervicais nos quais as modalidades e indicações de tratamentos conservadores são debatidas. Os cânceres endometriais não estão incluídos nas diretrizes atuais. O segundo tópico aborda a otimização dos resultados de fertilidade e o gerenciamento da infertilidade. Finalmente, as diretrizes avaliam o gerenciamento de cuidados posteriores, assim como questões práticas (por exemplo, quando dar autorização para começar a tentar engravidar? É necessária uma cirurgia de conclusão? Como fazer o acompanhamento com os pacientes?).
“As diretrizes têm como objetivo melhorar a qualidade das estratégias de preservação da fertilidade em cânceres de ovário e cervical e harmonizá-las para serem usadas por todos os profissionais de saúde envolvidos no tratamento de preservação da fertilidade de pacientes com câncer cervical, câncer de ovário ou tumores ovarianos limítrofes, em todas as disciplinas aliadas”, sintetizam os autores.
A íntegra das recomendações está disponível em acesso aberto.
Referência
Fertility-sparing treatment and follow-up in patients with cervical cancer, ovarian cancer, and borderline ovarian tumours: guidelines from ESGO, ESHRE, and ESGE
Morice, Philippe et al. The Lancet Oncology, Volume 25, Issue 11, e602 - e610