Onconews - Estudo analisa impacto do tratamento do câncer na fertilidade masculina

Questões relacionadas à fertilidade estão entre as principais preocupações após o câncer infantil. Estudo que avaliou a influência das exposições à terapia do câncer nos volumes testiculares da puberdade até a idade adulta, espermatogênese na idade adulta e resultados de paternidade em coortes envolvendo grande número de sobreviventes traz novos insights que podem orientar o aconselhamento precoce sobre fertilidade no tratamento do câncer.

Neste estudo, foram avaliados 255 sobreviventes de câncer infantil do sexo masculino (sobrevivência ≥5 anos), diagnosticados de 1964–2000 no Hospital Infantil de Helsinque, cujo volume testicular foi medido nas idades de 12 anos (n = 38), 14 anos (n = 57), 16 anos (n = 63), 18 anos (n = 105) e na idade adulta (n = 43; idade média, 27 anos). Os volumes testiculares foram convertidos em escores z específicos para a idade. Além disso, 92 desses participantes forneceram amostra de sêmen na idade adulta (idade média, 25,2 anos) e a paternidade foi avaliada a partir de dados de registro nacional (idade média na avaliação, 37,6 anos; n = 252).

Os resultados relatados por Korhonen et al. na Cancer mostram que na comparação com valores de referência específicos para a idade, os sobreviventes de câncer infantil exibiram em geral volume testicular baixos nas idades de 12 a 18 anos. Os escores z de volume testicular naqueles tratados exclusivamente com quimioterapia retornaram à faixa de referência na idade adulta. No entanto, pacientes expostos à radiação testicular ≥1 gray (Gy) (dose média, 12 Gy) não apresentaram recuperação tardia no tamanho testicular.  Os autores descrevem que a radiação testicular ≥1 Gy e uma dose equivalente de ciclofosfamida ≥12 g/m2 foram identificados como fatores de risco para azoospermia na idade adulta. Pacientes expostos à radiação testicular ≥1 Gy e a uma dose equivalente de ciclofosfamida ≥4 g/m2 apresentaram taxas de paternidade mais baixas.

“O crescimento do volume testicular após acompanhamento prolongado sugere um potencial recuperação tardia da espermatogênese em sobreviventes do câncer infantil tratados exclusivamente com quimioterapia. No entanto, agentes alquilantes aumentaram o risco de azoospermia prolongada e não paternidade. A radiação testicular de alta dose causa depleção de espermatogônias a longo prazo e foi o fator de risco mais forte para azoospermia e não paternidade”, concluem os autores.

A íntegra do artigo está disponível em acesso aberto no Cancer Journal

Referência:

Korhonen M, Jahnukainen K, Koskela M. Longitudinal trends in testicular volume z scores from puberty to adulthood, sperm quality, and paternity outcomes after childhood cancer. Cancer. 2024; 1-11. doi:10.1002/cncr.35623
https://doi.org/10.1002/cncr.35623