A queimação na boca, também conhecida como disestesia oral, é uma condição subnotificada entre pacientes com câncer, que pode representar um sintoma precoce da doença ou mesmo um efeito adverso do tratamento. Em revisão sistemática de Ana Gabriela Normando (foto), Alan Roger Santos-Silva e Joel B. Epstein, a prevalência de disestesia oral foi de 13,6% em pacientes que apresentaram eventos adversos orais induzidos por quimioterapia.
Neste estudo, os autores buscaram caracterizar a disestesia oral na assistência oncológica, a partir de uma revisão sistemática da literatura. Uma busca estruturada foi feita em oito bases de dados, em um processo de seleção realizado em duas fases distintas. As ferramentas JBI Critical Appraisal Tools foram utilizadas para avaliar o risco de viés nos estudos incluídos.
Do total de estudos avaliados, Normando e colegas descrevem que16 atenderam aos critérios de elegibilidade. Desses estudos incluídos, 7 eram relatos de casos, 7 estudos transversais e 2 ensaios clínicos não randomizados. A maioria dos estudos apresentou baixo risco de viés (n = 9), enquanto os demais foram avaliados e pontuados como risco de viés moderado (n = 5) ou alto (n = 2).
Os resultados mostram que a queimação na boca foi relatada como primeiro sintoma de câncer em três estudos e como evento adverso de radioterapia (n = 2), quimiorradioterapia (n = 2) e quimioterapia (n = 9).
A queimação na boca foi o primeiro sintoma em 0,62% dos carcinomas espinocelulares de boca (CEC) e em 3,3% dos pacientes com dor como queixa principal. A prevalência de disestesia oral foi de 13,6% em pacientes que apresentaram eventos adversos orais induzidos por quimioterapia.
Os autores destacam que o sintoma de queimação na boca deve ser examinado na assistência oncológica, pois pode ser subnotificado e, portanto, subtratado, e observam que novas terapias podem estar relacionadas a um maior risco de disestesia oral.
Ana Gabriela Costa Normando e Alan Roger Santos-Silva são do Departamento de Diagnóstico Oral da Faculdade de Odontologia de Piracicaba (FOP), da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), e Joel B. Epstein é do City of Hope Comprehensive Cancer Center e do Cedars-Sinai Medical Center, Samuel Oschin Comprehensive Cancer Institute, em Los Angeles, EUA.
Referência: Normando, A.G.C., Santos-Silva, A.R. & Epstein, J.B. Burning mouth in oncology care: a systematic review. Support Care Cancer 32, 170 (2024). https://doi.org/10.1007/s00520-024-08383-9