As taxas de sobrevida do câncer infantil continuam a aumentar, com um interesse contínuo na sobrevida de longo prazo. Embora a infertilidade e a falha gonadal sejam bem reconhecidas em sobreviventes de linfoma de Hodgkin, a disfunção sexual é menos estudada. Agora, estudo publicado na Cancer, periódico da American Cancer Society, demonstrou que a disfunção sexual foi prevalente nesta população de sobreviventes, e foi associada a um impacto importante na qualidade de vida.
Sobreviventes de longo prazo de linfoma de Hodgkin (n = 186; mulheres, 51,61%; idade média no diagnóstico. 14,41 anos [intervalo, 3,01–22,60 anos]; média atual ± desvio padrão da idade, 36,73 ± 7,93 anos) e controles pareados (n = 182; mulheres, 50,55%; média ± desvio padrão da idade, 36,41 ± 9,02 anos) completaram uma avaliação clínica abrangente e presencial, bateria de exames laboratoriais e preencheram o questionário do Índice Internacional de Função Erétil ou Índice de Função Sexual Feminina.
Os resultados publicados na Cancer mostraram que sobreviventes do sexo masculino apresentaram níveis aumentados de disfunção erétil (18,89% vs. 6,67%; p = 0,0239), mas não indicaram nenhuma diferença no desejo sexual. Sobreviventes do sexo feminino apresentaram maior prevalência de disfunção sexual em comparação com controles do sexo feminino (46,88% vs. 15,22%; p < 0,0001) e maior prevalência de perda moderada a grave do desejo sexual (38,04% vs. 23,26%; p = 0,0361).
Sobreviventes do sexo feminino com disfunção sexual indicaram níveis aumentados de ansiedade (p = 0,0184), depressão (p = 0,0153) e pior saúde física e mental (p = 0,0141 e p = 0,0419, respectivamente). Sobreviventes do sexo masculino com disfunção erétil apresentaram maiores taxas de ansiedade e saúde física prejudicada (p = 0,0147 e p = 0,0266, respectivamente).
“A disfunção sexual foi prevalente nesta coorte de sobreviventes de linfoma de Hodgkin na infância e adolescência, o que reforça a importância de os profissionais de saúde reconhecerem a necessidade de triagem e intervenção neste grupo de sobreviventes para melhorar a qualidade de vida”, destacaram os autores.
Referência:
Hanzlik E, Sabin ND, Yoshida T, et al. Sexual dysfunction among long-term survivors of Hodgkin lymphoma. Cancer. 2024; 1-11. doi:10.1002/cncr.35637