Idosos com câncer e letramento em saúde limitado apresentaram maior prevalência ajustada de fragilidade, comprometimento da qualidade de vida relacionada à saúde física e mental e hospitalização recente. É o que apontam Padamatinti e colegas em artigo publicado no JCO Oncology Practice.
“O letramento em saúde — capacidade de obter, processar e entender informações de saúde — quando limitado, pode dificultar a comunicação, o acesso ao tratamento médico e a identificação e o manejo de comorbidades. Idosos têm altas taxas letramento em saúde limitado, mas seu papel nos resultados relacionados ao envelhecimento entre adultos mais velhos com câncer é pouco estudado”, esclarecem os autores.
Nesse estudo, foram incluídos 876 adultos com mais de 60 anos com câncer do Registro de Avaliação de Resiliência ao Câncer e Envelhecimento que concluíram a avaliação geriátrica autorrelatada, incluindo letramento em saúde, na primeira visita ao oncologista.
A exposição foi o letramento limitado em saúde. Os resultados foram fragilidade, qualidade de vida relacionada à saúde física/mental (QVRS) e utilização de cuidados de saúde. A regressão de Poisson modificada foi utilizada para examinar a associação da exposição em resultados ajustando para idade, raça-etnia, sexo e tipo/estágio do câncer.
Resultados
A idade média na inscrição foi de 68 anos; 57,8% eram homens; 20,2% eram negros não hispânicos. Os cânceres mais prevalentes foram de estágio avançado (46,8% estágio IV), colorretal (26,9%) e pâncreas (19,0%). Aqueles com letramento limitado em saúde eram mais velhos (70 x 68 anos; P < 0,001), homens (63,0% x 55,1%; P = 0,026), negros não hispânicos (28,8% x 16,1%; P < 0,001), ≤ ensino médio (62,3% x 28,1%; P < 0,001) e aposentados/incapacitados (86,3% x 71,2%; P < 0,001).
Na análise multivariável, o letramento limitado em saúde foi associado a uma maior prevalência de fragilidade (razão de prevalência [RP], 2,64 [IC 95%, 2,15 a 3,26]), comprometimento da qualidade de vida relacionada à saúde física (RP, 1,90 [IC 95%, 1,59 a 2,27]) e mental (RP, 2,08 [IC 95%, 1,76 a 2,47]) e hospitalização no último ano (RP, 1,28 [IC 95%, 1,10 a 1,48]) em comparação com o letramento adequado em saúde.
Em síntese, idosos com câncer e letramento limitado em saúde apresentaram maior prevalência ajustada de fragilidade, comprometimento da qualidade de vida relacionada à saúde física e mental e hospitalização recente. “Intervenções para abordar o letramento em saúde devem ser exploradas nessa população com câncer vulnerável e crescente”, avaliam os pesquisadores.
Referência:
Srihitha Padamatinti et al., Association of Limited Health Literacy With Frailty, Health-Related Quality of Life, and Health Care Utilization Among Older Adults With Cancer: The Cancer and Aging Resilience Evaluation Registry. JCO Oncol Pract 0, OP.24.00184. DOI:10.1200/OP.24.00184