O cirurgião colorretal Rodrigo Perez (foto) é coautor de estudo colaborativo internacional que buscou desenvolver e validar um modelo preditivo (STOMA score) para sobrevida livre de estoma em 1 ano em pacientes com câncer retal com fístula anastomótica (AL). Os resultados foram publicados no Annals of Surgery.
Este estudo de coorte retrospectivo internacional (TENTACLE-Rectum) envolveu 216 centros e incluiu pacientes que desenvolveram fístula anastomótica após cirurgia para câncer de reto entre 2014 e 2018. Preditores clinicamente relevantes para sobrevida livre de estoma em 1 ano foram incluídos em modelos de regressão logística uni e multivariáveis. O escore STOMA foi desenvolvido e validado internamente em uma coorte de pacientes operados entre 2014 e 2017, com posterior validação temporal em uma coorte de 2018. Foram avaliados o poder discriminativo e a calibração do desempenho dos modelos.
Resultados
O estudo incluiu 2.499 pacientes com fístula anastomótica, 1.954 na coorte de desenvolvimento e 545 na coorte de validação. As características basais foram comparáveis. A sobrevida livre de estoma em um ano foi de 45,0% na coorte de desenvolvimento e 43,7% na coorte de validação. Os seguintes preditores foram incluídos no escore STOMA: sexo, idade, classificação da American Society of Anestesiologist, índice de massa corporal, doença metastática, terapia neoadjuvante, abordagem abdominal e transanal, estoma de proteção primário, ressecção multivisceral, cenário clínico em que fístula anastomótica foi diagnosticada, dia pós-operatório do diagnóstico, contaminação abdominal, circunferência do defeito anastomótico, isquemia da parede intestinal, fístula anastomótica, retração e fístula após reconstrução de trânsito. O escore STOMA apresentou boa discriminação e calibração (índice c: 0,71, 95% CI: 0,66–0,76).
“Este grande estudo colaborativo internacional foi o primeiro a desenvolver e validar um modelo preditivo (escore STOMA) para sobrevida livre de estoma em 1 ano em pacientes com câncer de reto com deiscência de anastomose. O escore STOMA pode ser utilizado na prática clínica para estimar o risco de um estoma permanente após o diagnóstico de fístula anastomótica, o que auxiliará no aconselhamento dos pacientes e no gerenciamento de expectativas. Estudos futuros que avaliem diferentes estratégias de tratamento para fístula anastomótica após ressecção do câncer de reto poderão utilizar os preditores da ferramenta para estratificar ou corrigir potenciais fatores de confusão”, concluíram os autores.
Referência: Greijdanus, Nynke G. MD*; Wienholts, Kiedo MD†,‡,§; Ubels, Sander MD*; Talboom, Kevin MD†,‡,§; Hannink, Gerjon PhD∥; Wolthuis, Albert MD, PhD¶; de Lacy, Francisco B. MD, PhD#; Lefevre, Jérémie H. MD, PhD**; Solomon, Michael MSc, DMed††; Frasson, Matteo MD, PhD‡‡; Rotholtz, Nicolas MD, PhD§§; Denost, Quentin MD, PhD∥∥; Perez, Rodrigo O. MD, PhD¶¶; Konishi, Tsuyoshi MD, PhD##; Panis, Yves MD, PhD***; Rutegård, Martin MD, PhD†††,‡‡‡; Hompes, Roel MD, PhD†,‡,§; Rosman, Camiel MD, PhD*; van Workum, Frans MD, PhD§§§; Tanis, Pieter J. MD, PhD†,‡,§,∥∥∥; de Wilt, Johannes H.W. MD, PhD*; TENTACLE-Rectum Collaborative Group. Stoma-free Survival After Rectal Cancer Resection With Anastomotic Leakage: Development and Validation of a Prediction Model in a Large International Cohort. Annals of Surgery 278(5):p 772-780, November 2023. | DOI: 10.1097/SLA.0000000000006043