Onconews - Epigenética encontra terapia com células CAR-T para combater o câncer

Marcelo Bendhack (foto), presidente da Sociedade Latino-Americana de Uro-Oncologia (Urola), é coautor de estudo internacional publicado na Cancers, com resultados que exploram a epigenética para fornecer novos insights sobre a possibilidade de empregar a terapia de células CAR-T no tratamento de tumores sólidos.

Com base no sucesso da terapia de células CAR-T no tratamento de malignidades hematológicas, uma ampla aplicação para tumores sólidos também parece promissora, mas obstáculos importantes precisam ser superados para fazer disso uma realidade para médicos e pacientes. Um deles é certamente a identificação de antígenos alvo específicos em células cancerígenas, observam Bendhack e colegas, em estudo que enfoca a hipometilação como abordagem viável para trilhar o caminho das terapias celulares em tumores sólidos.

A hipometilação é uma aberração epigenética que caracteriza muitas entidades tumorais. Triagens em todo o genoma para hipometilações consistentes de DNA tumoral permitem identificar transcrições aberrantemente reguladas, o que pode resultar em proteínas de superfície celular. “Assim, essa abordagem fornece uma nova perspectiva para a descoberta de novos antígenos alvo de células CAR- T para quase todas as entidades tumorais”, propõem, iniciando por avaliar essa abordagem como um possível tratamento para câncer de próstata.

Com base em análises de biologia computacional, Bendhack e colegas identificaram fragmentos curtos de DNA ricos em dinucleotídeos CpG metilados diferenciais que estão consistentemente presentes em todos os espécimes de câncer de próstata.

Para os autores, essa metodologia pode ser replicada. “A mesma abordagem é aplicável para todos os tumores sólidos. Por exemplo, concluímos análises comparáveis ​​para câncer urotelial. Buscamos a mesma abordagem para câncer de mama, pulmão e cólon. Esses TUMSs (tumor-cell-specific differential methylated CpG dinucleotide signatures) consistentes de uma determinada entidade tumoral seriam então examinados para uma expressão aberrante dos genes correspondentes e se estes preenchem os requisitos mencionados para potencialmente servir como antígenos alvo para uma terapia potente de células CAR-T”, analisam.

Em conclusão, o estudo mostra que a triagem de alta resolução para hipometilações consistentes em fragmentos ricos em CpG associados a regiões de genes reguladores fornece dicas básicas sobre potenciais proteínas de superfície reguladas positivamente, que podem servir como novos e potentes antígenos de células CAR- T. Além disso, os TUMSs, que estão consistentemente presentes no câncer, têm potencial para diagnóstico e prognóstico personalizados de alta resolução, tanto a partir de tecidos quanto de cfDNA circulante minimamente invasivo.

Marcelo Bendhack , professor da Universidade Positivo, em Curitiba, é um dos pioneiros da terapia de ultrassom focalizado de alta intensidade (HIFU) para câncer de próstata.

Referência:

Santourlidis, S.; Araúzo-Bravo, M.J.; Erichsen, L.; Bendhack, M.L. Epigenetics Meets CAR-T-Cell Therapy to Fight Cancer. Cancers 202416, 1941. https://doi.org/10.3390/cancers16101941