Para encerrar em grande estilo o mês de conscientização do câncer de mama, a sociedade europeia de oncologia médica acaba de publicar o ESMO Clinical Practice Guideline para diagnóstico, estadiamento e tratamento de pacientes com câncer de mama metastático. As recomendações foram publicadas no dia 19 de outubro no Annals of Oncology, em artigo de Gennari et al, com participação do oncologista brasileiro Evandro de Azambuja (foto).
Desenvolvido por um painel de 28 especialistas, o guideline1 substitui a referência anterior, o 5º ESO-ESMO de diretrizes de consenso internacional para câncer de mama avançado, com o objetivo de atualizar o estado da arte do diagnóstico ao tratamento. “As diretrizes consideram os dados mais recentes apresentados na ESMO Virtual 2021, em setembro”, observa Azambuja.
Com recomendações e algoritmos para o gerenciamento do câncer de mama metastático, a atualização abrange diagnóstico, estadiamento, avaliação de risco, tratamento, seguimento e cuidados paliativos, além de valorizar a perspectiva do paciente e os níveis de evidência a partir da escala europeia de magnitude de benefício clínico (ESMO MCBS/ESCAT). As directivas levam em consideraçao os subtipos de câncer de mama para definir os tratamentos.
Com mais de 400 mil casos registrados na União Europeia (UE) em 2018, com 138 mil mortes, o câncer de mama continua como o mais frequente na população feminina. Enquanto a sobrevida em 5 anos é de cerca de 96% na Europa para o câncer de mama inicial, em mulheres com doença metastática a probabilidade de sobrevida em 5 anos cai para 38% na UE.2
O guideline atualizado reforça a necessidade da biópsia de uma lesoao metastatica para confirmar a histologia e reavaliar a biologia do tumor (ER, PgR, HER2), mas na era da oncologia personalizada destaca a importância de avaliar outros biomarcadores terapeuticamente relevantes para a prática clínica de rotina, a exemplo do status da mutação BRCA1 / 2 de linhagem germinativa no câncer de mama metastático HER2-negativo, o status de PD-L1 no câncer de mama triplo-negativo e a mutação PIK3CA em tumores com receptores hormonais positivos, HER2-negativo.
“Essas diretrizes representam os avanços mais importantes em termos de tratamento para as (os) pacientes com câncer de mama metastático, fruto de um esforço colaborativo de vários “experts” na área com o objetivo de melhorar o prognóstico da doença metastática”, conclui Azambuja.
A íntegra das recomendações está disponível, em acesso aberto.
Referências:
1 - Gennari, F. André, C. H. Barrios, J. Cortés, E. de Azambuja, A. DeMichele, R. Dent, D. Fenlon, J. Gligorov, S. A. Hurvitz, S.-A. Im, D. Krug, W. G. Kunz, S. Loi, F. Penault Lorca, J. Ricke, M. Robson, H. S. Rugo, C. Saura, P. Schmid, C. F. Singer, T. Spanic, S. M. Tolaney, N. C. Turner, G. Curigliano, S. Loibl, S. Paluch-Shimon and N. Harbeck, on behalf of the ESMO Guidelines Committee. ESMO Clinical Practice Guideline for the diagnosis, staging and treatment of patients with metastatic breast cancer.ESMO Clinical Practice Guideline for the diagnosis, staging and treatment of patients with metastatic breast cancer. https://doi.org/10.1016/j.annonc.2021.09.019
2 - Allemani C.; Matsuda T.; Di Carlo V. et al. - Global surveillance of trends in cancer survival 2000-14 (CONCORD-3): analysis of individual records for 37513025patients diagnosed with one of 18 cancers from 322 population -basedregistries in 71 countries. Lancet. 2018; 391: 1023-1075