Evidências cumulativas mostram que o estroma fibrogênico e a matriz extracelular rígida (ECM) não apenas resultam do crescimento tumoral, mas também desempenham papéis fundamentais na transformação celular e na tumorigênese. É o que descrevem Sharma e colegas em artigo na Science Signaling. "Começamos a compreender melhor o protagonismo do estroma, modificado em condições como infecções persistentes ou condições associadas ao envelhecimento, por exemplo, como fator microambiental indutor de neoplasias", observa Roger Chammas (foto), coordenador do Centro de Investigação Translacional em Oncologia do ICESP.
Sharma et al. revisam as conexões entre o estroma rígido e o câncer, concentrando-se nas evidências de que os miofibroblastos e a matriz extracelular rígida não são apenas efeitos do crescimento tumoral, mas também promovem a tumorigênese.
Esse novo olhar pode explicar o aumento do risco de câncer associado a agentes fibrogênicos ambientais, como amianto e sílica, e a condições fibrogênicas, como obesidade e diabetes, ilustram os autores. O conceito também ajuda a explicar por que certos pacientes tratados com quimioterápicos que podem promover fibrose, como bleomicina e metotrexato, evoluem com resultados ruins.
“Embora os detalhes mecanicistas desse fenômeno ainda estejam sendo desvendados, fornecemos uma visão geral das evidências experimentais que ligam o estroma fibrogênico à tumorigênese”, analisam os autores. “Nesta revisão, resumiremos as causas e consequências do estroma fibroso e como esse sinal estromal é transmitido aos núcleos das células parenquimatosas através de um contínuo da matriz extracelular à cromatina”, descrevem.
Referência: Sharma et al. Fibrous stroma: Driver and passenger in cancer development. Science Signaling. DOI: 10.1126/scisignal.abg3449