Onconews - Estudo brasileiro avaliou a aceitação, a conclusão e as preferências para o rastreio do câncer do colo do útero

Marcela Vieira Lordelo (foto), do Hospital de Câncer de Barretos, é primeira autora de estudo randomizado que avaliou a aceitação, completude e preferência de diferentes métodos de coleta de material para o rastreamento do câncer do colo do útero em mulheres residentes nas áreas de baixa renda na cidade de Barretos. Os resultados foram publicados na PlosOne e mostram que métodos que podem ser oferecidos em visita domiciliar incentivam maior aceitação e conclusão da triagem.

Os métodos de prevenção do câncer cervical estão bem estabelecidos, mas ainda há barreiras que impedem algumas mulheres brasileiras de realizar o exame Papanicolau.

Neste estudo (ensaio comunitário), o objetivo foi avaliar a aceitação, as preferências e a conclusão de quatro métodos de rastreamento.

A análise compreendeu 164 participantes que nunca haviam feito o exame Papanicolau ou que não faziam o exame há mais de três anos. A área urbana da cidade foi estratificada por setores censitários e dividida de acordo com os níveis de renda e escolaridade. Mulheres pertencentes aos estratos de menor renda foram consideradas no estudo.

Cinco grupos de intervenção foram estabelecidos: Grupo 1- Amostra de Papanicolau no hospital; Grupo 2- Amostra de Papanicolau na unidade móvel; Grupo 3- autocoleta de urina; Grupo 4- autocoleta vaginal; Grupo 5- escolha da mulher.

A taxa de aceitação variou entre os grupos: Grupo 1 (100%), Grupo 2 (64,5%), Grupo 3 (100%) e Grupo 4 (91,4%). No Grupo 5, as preferências das mulheres foram distribuídas da seguinte forma: exame realizado no hospital, 13 mulheres (33,3%); exame realizado na unidade móvel, 11 mulheres (28,2%); autocoleta de urina, 11 mulheres (28,2%); e autocoleta vaginal, 4 mulheres (10,3%).

“Este estudo sugere que métodos que permitem a coleta de amostras cervicais próximas ao domicílio das mulheres podem melhorar a aceitação e a conclusão de exames preventivos. Este achado é relevante para o desenvolvimento de novas estratégias de rastreamento do câncer cervical”, concluem os autores.

No grupo de intervenção de preferência do participante, um número maior de mulheres optou por fazer a coleta de Papanicolau no hospital, mas apenas 53,8% (7/13) concluíram o processo. “Essas taxas de conclusão sugerem que a escolha de métodos realizados perto do domicílio facilita a realização do teste. Métodos que podem ser oferecidos em uma visita domiciliar incentivam maior aceitação e conclusão”, destaca a análise. 

Referência:

Lordelo MV, Oliveira CZ, Aguirre Buexm L, Vieira Reis RM, Longatto-Filho A, Possati-Resende JC, et al. (2024) Estudo populacional experimental randomizado para avaliar a aceitação, a conclusão e as preferências pelo rastreamento do câncer cervical. PLoS ONE 19(8): e0306130. https://doi.org/10.1371/journal.pone.0306130