O conjugado de anticorpo-medicamento trastuzumabe deruxtecana (Enhertu®, AstraZeneca e Daiichi Sankyo) recebeu a designação de terapia inovadora (do inglês, BTD - Breakthrough Therapy Designation), para o tratamento de pacientes com câncer de mama HER2-low (IHC 1+ ou IHC 2+/ISH-) ou HER2-ultralow (IHC >0 <1+) metastático ou irressecável que receberam duas linhas de terapia endócrina no cenário metastático, ou uma linha de terapia endócrina em caso de progressão da doença dentro de seis meses do início do tratamento de primeira linha com terapia endócrina em combinação com um inibidor de CDK4/6, ou dentro de 24 meses do início da terapia endócrina adjuvante. A decisão da agência norte americana Food and Drug Administration (FDA) foi baseada nos dados do ensaio de fase 3 DESTINY-Breast06, apresentado em sessão oral no ASCO 2024.
DESTINY-Breast06 é um estudo global, randomizado, aberto, de fase 3, que avalia a eficácia e a segurança de trastuzumabe deruxtecana (T-DXd; 5,4 mg/kg) versus a escolha de quimioterapia do investigador (capecitabina, paclitaxel ou nab-paclitaxel) em pacientes com câncer de mama avançado ou metastático HR+ positivo, HER2-low (IHC 1+ ou IHC 2+/ISH-) ou HER2-ultralow (definido como IHC 0 com coloração de membrana [IHC >0 <1+]).
Os pacientes no estudo não tinham recebido quimioterapia prévia para doença avançada ou metastática e receberam pelo menos duas linhas de terapia endócrina prévia no cenário metastático. Os pacientes também eram elegíveis se tivessem recebido uma linha anterior de terapia endócrina combinada com um inibidor de CDK4/6 no cenário metastático e experimentado progressão da doença dentro de seis meses do início do tratamento de primeira linha ou recebido terapia endócrina como tratamento adjuvante e experimentado recorrência da doença dentro de 24 meses.
O estudo incluiu 866 pacientes (n=713 para HER2-low e n=153 para HER2-ultralow) em vários locais na Ásia, Europa, América do Norte, Oceania e América do Sul.
O endpoint primário do DESTINY-Breast06 é a sobrevida livre de progressão (SLP) na população de pacientes HR-positivo, HER2-low, conforme medido por revisão central independente cega (BICR). Os principais endpoints secundários incluem SLP por BICR na população geral do estudo (HER2-low e HER2-ultralow), sobrevida global (SG) em pacientes HER2-low e SG na população geral do estudo.
Outros endpoints secundários incluem taxa de resposta objetiva, duração da resposta, tempo para o primeiro tratamento subsequente ou morte, tempo para o segundo tratamento subsequente ou morte e segurança. A análise do subgrupo HER2-ultralow não foi desenvolvida para demonstrar significância estatística.
Os resultados apresentados no ASCO 2024 mostram que em pacientes com câncer HER2-low, a sobrevida livre de progressão mediana foi de 13,2 meses para aqueles que receberam T-DXd vs. 8,1 meses no braço de quimioterapia (HR, 0,62 [IC 95% 0,51, 0,74], P<0,0001). Resultados semelhantes foram observados no pequeno grupo de pacientes com câncer HER2-ultralow. No geral, os pacientes com câncer HER2-low que receberam T-DXd tiveram risco 38% menor de progressão da doença em comparação com aqueles que receberam quimioterapia.
No subgrupo com câncer HER2-low, a taxa de resposta objetiva (ORR) foi de 56,5% para aqueles que receberam T-DXd vs. 32,3% entre os que receberam quimioterapia. Em pacientes com câncer HER2-ultralow, a ORR mais que dobrou no grupo tratado com T-DXd em comparação com aqueles que receberam quimioterapia (61,8% vs. 26,3%, respectivamente).
Os participantes tratados com T-DXd puderam receber tratamento por mais tempo sem apresentar efeitos colaterais graves, com duração média de tratamento de 11 meses vs. 5,6 meses entre os tratados com quimioterapia.
Em relação à segurança, eventos adversos relacionados ao medicamento de grau (Gr) ≥3 ocorreram em 40,6% (T-DXd) vs 31,4% no grupo de tratamento de escolha do médico. Doença pulmonar intersticial (DPI), um efeito colateral conhecido de T-DXd que causa inflamação dos pulmões, ocorreu em cerca de 11% dos participantes que receberam o medicamento, o que é consistente com pesquisas anteriores. A DPI não foi grave para a maioria dos participantes, mas cerca de 5% interromperam o tratamento devido à DPI e três morreram em consequência dessa toxicidade. O efeito colateral grave mais comum que levou à redução da dose de T-DXd foi náusea (4,4% dos participantes).
"Se aprovado, trastuzumabe deruxtecana pode mais uma vez mudar o paradigma do tratamento para certos pacientes com câncer de mama, ampliando o número de pessoas que podem ser elegíveis para uma terapia direcionada a HER2", disse Ken Takeshita, Chefe Global de P&D da Daiichi Sankyo.
Leia mais sobre o estudo DESTINY-Breast06:
DESTINY-Breast06: T-DXd melhora SLP em pacientes com câncer de mama HR+ após terapia endócrina