Estudo que avaliou a sobrevida ao câncer do remanescente gástrico (GRC) em uma população ocidental mostrou que GRCs representaram 6,4% de todos os adenocarcinomas gástricos na coorte avaliada, entre 2001 e 2016, demonstrando longo período de latência entre a gastrectomia distal e o diagnóstico de GRCs, com maior frequência no sexo masculino e em indivíduos mais velhos em relação a outros pacientes com câncer gástrico. Os resultados estão na Surgical Oncology.
Neste estudo de coorte retrospectivo de base populacional, foram incluídos 1.217 pacientes da Noruega Central com diagnóstico de adenocarcinoma gástrico, entre 2001 e 2016. GRCs (n = 78), definidos como adenocarcinomas que surgem no estômago residual após gastrectomia distal, foram comparados com não-GRC (n = 1.139) e com não-GRC proximais (n = 595).
Os resultados publicados na Surgical Oncology mostram que 78 (6,4%) casos de câncer gástrico eram GRC. Durante o período estudado, o número anual e a proporção de GRCs diminuíram (p = 0,003), o que, segundo os autores, deve-se provavelmente à diminuição nas gastrectomias distais realizadas para úlcera péptica a partir da década de 1980, quando eficientes inibidores da bomba de prótons substituíram os bloqueadores dos receptores H2 e a vagotomia seletiva proximal Os autores descrevem que a latência mediana da gastrectomia distal até o diagnóstico de GRC foi de 37,6 anos (15,7–68,0) e a reconstrução prévia com Billroth II foi a mais comum (87,7%).
Na comparação com os controles, os pacientes com GRC eram mais frequentemente do sexo masculino (83,3%), diagnosticados em estágios TNM mais precoces e eram mais velhos no momento do diagnóstico. Uma parcela menor de pacientes com GRC recebeu quimioterapia perioperatória ou paliativa, mas a taxa de ressecção R0/R1 de 41,0% não foi diferente dos pacientes não-GRC.
A mediana de sobrevida global para pacientes com GRC, independentemente do tratamento, foi de 7,0 meses, o que não diferiu dos não-GRCs ou dos não-GRC proximais. Nas análises multivariadas, o estágio TNM e a idade foram independentemente associados à mortalidade, enquanto o GRC isoladamente não foi correlacionado com mortalidade.
Em síntese, o número de GRCs diminuiu durante o período do estudo, mas a latência entre a gastrectomia distal e o diagnóstico de GRC foi longa. Os pacientes com GRC eram mais frequentemente do sexo masculino e mais velhos do que outros pacientes com câncer gástrico. O GRC não foi independentemente associado à sobrevida após ajuste para estágio TNM e localização do tumor.
A íntegra do estudo está disponível em acesso aberto.
Referência: https://doi.org/10.1016/j.suronc.2023.102008