DEPRESSAO NET OKEstudo de revisão publicado na Nature Reviews Clinical Oncology por Lustberg et al. mostra que os eventos tardios ou de longo prazo associados à quimioterapia e a outros tratamentos contra o câncer ainda representam uma grande carga para os pacientes, não apenas com efeito direto na qualidade de vida, mas também com potencial de comprometer a intensidade e a continuação do tratamento, afetando até mesmo o risco de recorrência do câncer.

Nesta análise, os autores argumentam que, apesar da importância dos eventos adversos associados à quimioterapia na prática oncológica e da ampla gama de intervenções disponíveis para mitigá-los, esforços limitados foram feitos de forma sistemática para identificar, avaliar criticamente e resumir a totalidade das evidências sobre a eficácia dessas intervenções. “Aqui, revisamos os eventos adversos mais comuns a longo prazo (continuação após o tratamento) e tardios ou retardados (após o tratamento) associados à quimioterapia e a outros tratamentos anticancerígenos”, expõem os autores.

Lustberg  et al. explicam que os efeitos adversos geralmente surgem durante o tratamento e continuam além do curso da terapia ou surgem entre os sobreviventes nos meses e anos seguintes ao tratamento. “Para cada um desses efeitos adversos, discutimos e avaliamos criticamente seus mecanismos biológicos subjacentes, as estratégias de tratamento farmacológico e não farmacológico mais comumente utilizadas e diretrizes de prática clínica baseadas em evidências para seu manejo adequado”, descrevem. Os autores também discutem fatores de risco e ferramentas validadas de avaliação de risco para identificar pacientes com maior probabilidade de serem prejudicados pela quimioterapia e de se beneficiarem de intervenções eficazes, assim como destacam oportunidades promissoras de cuidados de suporte para um crescente número de sobreviventes de câncer em risco contínuo de efeitos adversos do tratamento oncológico.

Para minimizar as complicações, a revisão alerta para a natureza multifatorial dos eventos adversos, que muitas vezes afetam negativamente várias dimensões, incluindo domínios de funcionamento físico, emocional e social. Lustberg et al também defendem novos estudos nesse campo.  “Mais pesquisas abordando a fisiopatologia subjacente, biomarcadores emergentes, terapias de suporte e estratificação de risco do paciente para eventos adversos associados à quimioterapia são necessárias para aprimorar ainda mais o atendimento personalizado para pacientes que recebem quimioterapia”, propõem.

Referência: Lustberg, M.B., Kuderer, N.M., Desai, A. et al. Mitigating long-term and delayed adverse events associated with cancer treatment: implications for survivorship. Nat Rev Clin Oncol 20, 527–542 (2023). https://doi.org/10.1038/s41571-023-00776-9