O British Journal of Cancer publicou os resultados do trabalho que investigou o uso de um exame de urina específico para o diagnóstico precoce do câncer de bexiga, baseado nos níveis da proteína tirosina fosforilada urinária (PFU). Os resultados mostraram uma diferença significativa nos níveis de PFU entre pacientes com câncer de bexiga na comparação com indivíduos saudáveis do grupo controle. O patologista Carlos Bacchi comentou os resultados.
A sensibilidade do ensaio foi de 80,43% e a especificidade foi de 78,82%, o que sugere que o método é altamente específico para o diagnóstico e vigilância do câncer de bexiga, além da cistoscopia.
“Aspecto interessante do estudo é a sua sensibilidade na detecção de câncer de bexiga comparável ao exame citológico, inclusive com maior sensibilidade do que a citologia nos estádios iniciais da doença (Ta e T1). Característica peculiar do teste é a provável identificação de pacientes com maior tendência à recorrência e progressão da doença”, esclarece Bacchi. “É um teste promissor no sentido de identificar recorrências precoces em pacientes com câncer de bexiga através da medida da proteína tirosina fosforilada na urina. É importante ressaltar que estudos com maior número de pacientes e independentes devem ser realizados no sentido de corroborar esses achados“, diz Bacchi. “Testes não invasivos como este, para detecção de recorrência ou progressão do câncer, são sempre bem-vindos na prática clínica”, diz o especialista.
Outra aparente vantagem é a relação custo/benefício. “O método é super simples e deverá ser barato. Avalia-se apenas a concentração de uma proteína na urina, nada comparável a testes de avaliação de genes” acrescenta Bacchi.
Método
O estudo teve o objetivo de investigar a eficácia da proteína quinase fosforilada urinária (PFU) no diagnóstico precoce do câncer de bexiga. A avaliação considerou uma coorte de 262 indivíduos e valores preditivos foram determinados, a partir de unidades-padrão.
Os níveis de PFU foram também associados com estadiamento do tumor, classificação, recorrência e nível de progressão. A análise final mostrou diferença significativamente estatística na distinção de tumores iniciais (Ta e T1) e de tumores com risco de recorrência e progressão (diferença≥ 261.26 unidades-padrão).
Referência: Early diagnosis of bladder cancer through the detection of urinary tyrosine-phosphorylated proteins - British Journal of Cancer (2015) 113, 469–475. doi:10.1038/bjc.2015.232