Onconews - Exames de imagem na rotina pós-operatória podem melhorar resultados no adenocarcinoma pancreático

Existem diferenças na oferta de tratamento em pacientes com recorrência do adenocarcinoma ductal pancreático que receberam acompanhamento sintomático versus exames de imagem de rotina após ressecção pancreática? Estudo prospectivo internacional que contou com mais de 30 centros participantes mostra que sim, indicando que exames de imagem no acompanhamento pós cirúrgico foram associados a tratamentos com foco na recorrência e na sobrevida global prolongada.

Em artigo no Jama Surgery, Andel et al. sustentam que as diretrizes internacionais não são claras em suas recomendações sobre exames de imagem de rotina no acompanhamento após ressecção pancreática para adenocarcinoma ductal pancreático (PDAC, das iniciais em inglês). Consequentemente, as estratégias de acompanhamento diferem entre os centros em todo o mundo.

Neste estudo transversal internacional, que incluiu 333 pacientes de 33 centros afiliados à European-African Hepato-Pancreato-Biliary Association (E-AHPBA), em 13 países, o objetivo foi comparar os resultados clínicos de pacientes com recorrência de PDAC. Os pacientes foram incluídos entre 2020 e 2021 e estratificados de acordo com a estratégia de acompanhamento pós-operatório: acompanhamento sintomático (ou seja, sem exames de imagem de rotina) ou exames de imagem de rotina. A sobrevida global (SG) foi estimada com curvas de Kaplan-Meier e comparada usando o teste de log-rank. A regressão logística multivariável foi usada para avaliar a associação entre estratégia de acompanhamento e tratamento focado em recorrência. A análise de risco proporcional multivariável de Cox foi usada para estudar a associação independente entre estratégia de acompanhamento e SG.

A base de análise compreendeu 333 pacientes (idade média [DP], 65 [11] anos; 184 homens [55%]) com recorrência de PDAC foram incluídos. O acompanhamento mediano (IQR) no momento da análise 2 anos após a inclusão do último paciente foi de 40 (30-58) meses. Os autores descrevem que 98 pacientes (29%) receberam acompanhamento sintomático e 235 pacientes (71%) receberam exames de imagem de rotina.

Os resultados mostram que a SG foi de 23 meses (IC de 95%, 19-29 meses) vs 28 meses (IC de 95%, 24-30 meses) nos grupos que receberam acompanhamento sintomático vs exames de imagem de rotina, respectivamente (P = 0,01). Os exames de imagem de rotina foram associados à oferta de tratamento focado na recorrência (razão de probabilidade ajustada, 2,57; IC de 95%, 1,22-5,41; P = 0,01) e sobrevida global prolongada (razão de risco ajustada, 0,75; IC de 95%, 0,56-0,99; P = 0,04).

Em conclusão, esses resultados sugerem que o uso de exames de imagem de rotina pode ser benéfico no acompanhamento pós-operatório de pacientes com PDAC. “ Neste estudo internacional, prospectivo e transversal, os exames de imagem de acompanhamento de rotina após ressecção pancreática para PDAC foram independentemente associados a tratamentos focados na recorrência e na sobrevida global prolongada”, destacam os autores.

Referência:

Andel PCM, van Goor IWJM, Augustinus S, et al. Routine Imaging or Symptomatic Follow-Up After Resection of Pancreatic Adenocarcinoma. JAMA Surg. Published online November 06, 2024. doi:10.1001/jamasurg.2024.5024