À medida que a prevalência do comprometimento cognitivo relacionado à quimioterapia aumenta, a pesquisa sobre opções de tratamento é crítica. Estudo canadense que avaliou os efeitos de uma intervenção com exercícios aeróbicos iniciada durante a quimioterapia mostra que a estratégia teve impacto positivo na qualidade de vida e na função cognitiva autorrelatada. “ Identificar intervenções validadas para manter/melhorar a função cognitiva e, assim, preservar ou melhorar a qualidade de vida é fundamental para reduzir a carga individual e social do câncer”, destacam os autores, em artigo na Cancer.
Nesta análise, os pesquisadores descrevem que o comprometimento cognitivo relacionado à quimioterapia é um dos maiores desafios relatados por mulheres diagnosticadas com câncer de mama. “Quase 75% das mulheres que recebem quimioterapia relatam diminuição na capacidade de lembrar, concentrar-se e/ou pensar, tanto no curto quanto no longo prazo. Além disso, mulheres que recebem quimioterapia tendem a ter pior desempenho em testes neuropsicológicos que avaliam o funcionamento executivo, memória de trabalho, velocidade de processamento, capacidade espacial e capacidade de linguagem/verbal em relação a mulheres diagnosticadas com câncer de mama que não receberam quimioterapia ou controles sem histórico de câncer”, comparam.
O estudo Aerobic exercise and CogniTIVe functional in women with breAsT cancEr (ACTIVATE; NCT03277898) foi um estudo controlado randomizado, conduzido em Ottawa e Vancouver (Canadá). Foram inscritas 57 mulheres (Mage, 48,8 ± 10 anos) diagnosticadas com câncer de mama em estágio I–III e aguardando quimioterapia, randomizadas para exercício aeróbico iniciado com quimioterapia (nEX = 28) ou tratamento usual durante a quimioterapia com exercício aeróbico após a conclusão da quimioterapia (nUC = 29). A intervenção durou de 12 a 24 semanas e consistiu em treinamento aeróbico supervisionado e exercícios em casa. O desfecho primário foi a função cognitiva objetiva medida por meio de 13 testes neuropsicológicos (padronizados para M ± DP, 0 ± 1); desfechos secundários da função cognitiva autorrelatada e seu impacto na qualidade de vida foram avaliados por meio de questionários.
Os resultados foram relatados por Brunet et al. e mostram que, embora nenhuma diferença significativa entre os grupos tenha sido encontrada para função cognitiva objetiva pós-intervenção, quatro dos seis resultados da função cognitiva autorrelatados mostraram diferenças significativas favorecendo o grupo de exercícios aeróbicos.
“Entre as mulheres que iniciaram a quimioterapia para câncer de mama, o exercício aeróbico não resultou em diferenças significativas na função cognitiva objetiva pós-intervenção após a conclusão da quimioterapia, mas os resultados apoiam o uso desta intervenção para melhorar a função cognitiva autorrelatada e seu impacto na qualidade de vida”, concluem os autores.
A íntegra do estudo está disponível na Cancer, em acesso aberto.
Referência:
Aerobic exercise and CogniTIVe functioning in women with breAsT cancEr (ACTIVATE): a randomized controlled trial. Cancer. 2024; 1-14.
https://doi.org/10.1002/cncr.35540