Estudo publicado online no Journal of Clinical Oncology (JCO) avaliou fatores prognósticos para recidiva do seminoma estágio clínico I em um cenário populacional nacional não selecionado. Os resultados permitem que profissionais de saúde e pacientes tomem decisões mais informadas sobre o manejo pós-orquiectomia e podem ser incorporados a diretrizes clínicas para gestão de risco. O oncologista Diogo Bastos (foto) analisa os principais achados.
Aproximadamente 20% dos pacientes com seminoma em estágio clínico I apresentam recidiva. O tamanho do tumor e a invasão da rede testicular foram identificados como fatores de risco para recidiva, mas o nível de evidência que apoia a utilização destes fatores de risco na tomada de decisão clínica é baixo.
Nesta análise, Wagner et al. consideraram pacientes com seminoma em estágio clínico I diagnosticados de janeiro de 2013 a dezembro de 2018, identificados no banco de dados prospectivo de câncer testicular dinamarquês. As lâminas histológicas das amostras de orquiectomia foram recuperadas e revisadas, sem conhecimento do resultado clínico. Os dados clínicos foram obtidos de prontuários médicos, com acompanhamento até julho de 2022. A associação entre potenciais fatores prognósticos clínicos e histopatológicos pré-especificados e recidiva foi avaliada pelo uso da análise de regressão de Cox.
Dos 924 pacientes incluídos, 148 (16%) pacientes tiveram em um acompanhamento médio de 6,3 anos. A invasão do hilo testicular (rede testicular e tecido mole hilar), invasão linfovascular e níveis elevados de pré-orquiectomia de β-gonadotrofina coriônica humana e lactato desidrogenase foram preditores independentes de recidiva. Os autores descrevem que o risco estimado de recidiva em 5 anos variou de 6% em pacientes sem fatores de risco a 62% em pacientes com todos os quatro fatores de risco e extensão do tumor no tecido mole do hilo testicular. Após a validação do modelo interno, o modelo prognóstico apresentou uma estatística de concordância geral de 0,70.
“Os fatores prognósticos fornecidos poderiam substituir os fatores de risco atuais nas diretrizes e ser usados em estudos futuros que investiguem estratégias de acompanhamento e tratamento adaptadas ao risco”, concluem os autores.
Para Bastos, é um estudo que traz mais informação acerca da estratificação prognóstica do seminoma e que serve como um auxílio na discussão de prós e contras com os pacientes acerca de vigilância ativa ou uso de quimioterapia adjuvante pós-orquiectomia.
Referência: Wagner T, Toft BG, Lauritsen J, Bandak M, Christensen IJ, Engvad B, Kreiberg M, Agerbæk M, Dysager L, Rosenvilde JJ, Berney D, Daugaard G. Prognostic Factors for Relapse in Patients With Clinical Stage I Testicular Seminoma: A Nationwide, Population-Based Cohort Study. J Clin Oncol. 2023 Sep 8:JCO2300959. doi: 10.1200/JCO.23.00959. Epub ahead of print. PMID: 37683134.