A U.S Food and Drug Administration (FDA) publicou um novo guia com orientações para patrocinadores de estudos clínicos, desta vez com diretrizes que reforçam a importância de ensaios randomizados em relação aos estudos de braço único para embasar a aprovação acelerada. Intitulado "Considerações sobre Ensaios Clínicos para Apoiar a Aprovação Acelerada da Terapêutica em Oncologia", o guia reafirma que o clássico ensaio randomizado controlado é a abordagem preferida, proporcionando uma avaliação mais robusta da eficácia e segurança, além de permitir comparações diretas com uma terapia disponível. O oncologista Fábio Franke (foto) comenta as orientações da agência reguladora norte-americana.
A aprovação acelerada é a via regulatória comumente adotada pela FDA para aprovação de medicamentos oncológicos, considerada em caso de doença grave e potencialmente fatal, diante de endpoints com potencial de prever benefício clínico. O guia da agência norte-americana descreve que endpoints como taxa de resposta (com duração da resposta como apoio) têm sido utilizados na oncologia em estudos com desenho de braço único, para regimes de monoterapia. “No entanto, existem limitações para a utilização de ensaios de braço único para apoiar a aprovação acelerada, incluindo, entre outros, pequenos conjuntos de dados de segurança, taxas de resposta de baixa magnitude que não podem ser razoavelmente sensíveis para prever benefício clínico, além da incapacidade de estabelecer contribuição diferencial de efeito para regimes de combinação”, destaca o documento.
O guia da FDA explica que limitações como essas acrescentam incerteza para a avaliação de segurança e/ou eficácia de um medicamento. “Dadas as limitações de um ensaio de braço único, a FDA considera que o ensaio randomizado controlado é o desenho mais apropriado para apoiar a aprovação acelerada de medicamentos oncológicos.
Segundo Franke, para melhor avaliação desse guia é preciso considerar dois pontos. "Primeiro, que muitas das aprovações aceleradas realizadas pela FDA nos últimos anos se basearam em estudos Fase 2, com braço único, e muitos desses estudos Fase 2 não confirmaram sua resposta em estudos Fase 3, fazendo com que a aprovação acelerada tivesse que ser retirada", diz. O especialista observa que apesar de estudos com dois braços, com um braço controle, garantirem maior robustez de dados, a maioria dos estudos Fase 2 em oncologia são estudos com braço único. "Talvez isso faça com que demore um pouco mais para termos aprovações aceleradas, o que pode dificultar aprovações futuras, principalmente em doenças raras onde não existem muitas opções terapêuticas", observa.