Onconews - FOSP: Oncocentro mostra panorama epidemiológico do câncer de cabeça e pescoço em São Paulo

A Fundação Oncocentro de São Paulo (FOSP) apresentou dados atualizados sobre o câncer de cabeça e pescoço (CCP), com informações epidemiológicas extraídas dos 79 Registros Hospitalares de Câncer (RHCs) do Estado. A análise considera 42 544 casos de câncer de cabeça e pescoço diagnosticados de 2000 a 2020 e mostra que o estadiamento avançado ainda representa 70,5% desses diagnósticos, com sobrevida global em 5 anos de apenas 21%. Adeylson Guimarães (foto), diretor adjunto da FOSP, analisa os principais indicadores do CCP em São Paulo.

O mapeamento da FOSP revela que 81% dos casos de câncer de cabeça e pescoço se concentram na população masculina (n= 34.461) e 46% ocorrem em indivíduos acima dos 60 anos. “81% dos casos são em homens, que não estão inseridos em programas de rastreamento nacionais, como é o caso das mulheres, que participam do rastreio de mama e colo do útero. Com isso, elas acabam acessando mais os serviços de saúde”, explica Adeylson. Ele lembra que o tabagismo e o consumo de álcool são os principais fatores de risco para o carcinoma escamoso de cabeça e pescoço. “Dependendo da localização  outros fatores podem estar associados, como os vírus Epstein-Baar (EBV) e o papilomavírus humano (HPV), além da exposição prolongada à luz solar”, destaca a FOSP.

O tumores de orofaringe representaram 11% dos casos (4679) descritos no período analisado, enquanto o câncer de base da língua respondeu por 10,2% (4321) dos diagnósticos.  Entre as topografias com maiores proporções de casos em estadiamento clínico avançado estão seio piriforme (88,5%), hipofaringe (87,1%)  e base da língua (85,8%).

“Atualmente, o câncer de boca representa cerca de 60% de todos os casos de câncer de cabeça e pescoço. O rastreamento não seria populacional, mas oportunístico, com atenção especial à população de alto risco. Os dentistas têm um papel fundamental, mas boa parte da população  de risco tem frequência menor ao dentista, sem falar que esses profissionais nem sempre estão preparados para reconhecer lesões precursoras”, analisa Adeylson.

Em 2022, Pela Lei 14328,  o mês de julho foi instituído com o Mês Nacional do Combate ao Câncer de Cabeça e Pescoço. Entre os principais sinais e sintomas, os especialistas alertam para  o surgimento de nódulos no pescoço; manchas brancas ou avermelhadas na boca; ferida que não cicatriza em duas semanas; dor de garganta que não melhora em 15 dias, dificuldade para engolir e alterações na voz ou rouquidão por mais de 15 dias. Nos casos diagnosticados em fase inicial, o percentual de cura é em torno de 90% (Fonte: Fundação Oncocentro de São Paulo).