Em estudo de simulação, o (ultra-)hipofracionamento demonstrou potencial para reduzir o risco de malignidades secundárias em comparação a um esquema de 5 semanas na radioterapia adjuvante do câncer de mama. “A maior redução absoluta do risco devido ao (ultra-)hipofracionamento foi observada para câncer de pulmão e mama”, destacaram os autores em artigo publicado na The Breast.
Estudos randomizados demonstraram a equivalência oncológica do (ultra-)hipofracionamento em comparação a um esquema de 5 semanas na radioterapia pós-operatória do câncer de mama. Devido à baixa incidência e longa latência de malignidades secundárias, atualmente não há dados clínicos confiáveis sobre a influência dos regimes de fracionamento no desenvolvimento de malignidades secundárias.
Neste estudo, para 20 pacientes com câncer de mama do lado direito ou esquerdo, os planos de tratamento pós-operatório foram criados usando radioterapia conformada tridimensional (3D-CRT; n=10) ou Arcoterapia Volumétrica Modulada (VMAT; n=10) para três diferentes esquemas de fracionamento: esquema de 5 semanas com 50,4 Gy em 1,8 Gy (28fx), hipofracionamento com 40,05 Gy em 2,67 Gy (15fx) e ultra-hipofracionamento com 26 Gy em 5,2 Gy (5fx).
Os EARs (casos adicionais absolutos de doença por 10.000 pacientes-ano) para malignidades secundárias no pulmão, mama contralateral, esôfago, fígado, tireoide, medula espinhal, ossos e tecido mole foram calculados usando um modelo de dose-resposta fração-dependente.
Resultados
Com base na modulação de risco, o (ultra-)hipofracionamento resultou em EARs significativamente menores para câncer de pulmão, câncer de mama contralateral (CBC) e sarcoma de tecido mole (STS) (p<.001).
Para o conceito de dose ultra-hipofracionada, as EARs medianas para câncer de pulmão, câncer de mama contralateral e sarcoma de tecido mole foram 42,8%, 39,4% e 58,1% menores em comparação ao fracionamento convencional e 31,2%, 25,7% e 20,3% em comparação ao hipofracionamento.
A influência do fracionamento no risco de malignidades secundárias para câncer de pulmão e câncer de mama contralateral foi menos pronunciada com 3D-CRT do que com VMAT. Para sarcoma de tecido mole, no entanto, a influência do fracionamento foi maior com 3D-CRT do que com VMAT.
“Com base neste estudo de simulação, a irradiação pós-operatória (ultra-)hipofracionada do câncer de mama pode estar associada a um menor risco de malignidades secundárias em comparação a um esquema de 5 semanas. O impacto do fracionamento em malignidades secundárias depende da técnica de tratamento (3D vs VMAT)”, concluíram os autores.
Referência:
The impact of fractionation on secondary malignancies in postoperative breast cancer irradiation - Kiesl, Sophia et al. The Breast, Volume 0, Issue 0, 103819